SÉRGIO MAESTRELLI
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  • Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

SÉRGIO MAESTRELLI

NA NOITE EM QUE OS PONTEIROS DO RELÓGIO NÃO ANDAM



Na noite em que todos os entes queridos conhecem como sendo a noite em que os ponteiros do relógio não andam, sentei num canto da Capela Mortuária e, com um pedaço de papel dobrado e uma caneta BIC, registrei estas palavras. Bateram forte em minha mente as palavras do amigo Padre Agenor. O primeiro milagre dos mortos é fazer com que os vivos se reencontrem. E, assim, mais uma vez, o milagre ocorreu. Dos quatro cantos, parentes e pessoas amigas se reencontraram. O segundo milagre é aquele em que os possíveis problemas, as mágoas, os ressentimentos, a discórdia ou mal entendidos da trajetória da vida são jogados no liquidificador da vida e tudo é moído e se desmancha como que por encanto. Ficam intactas as boas lembranças, as boas recordações, os bons momentos vividos. Se para mim o céu é uma enorme casa branca com uma grande biblioteca e com um grande depósito de papel com milhares de canetas BIC nos fundos, seguramente para Dona Iraci, minha sogra, o céu é uma casa de madeira de lei, rodeada por um gramado, flores e tendo aos fundos um grande quintal dominado pelo verde em seus vários tons, com plantas que brotavam da fértil terra roxa. Dona Iraci soube como poucas, com suas mãos hábeis, transformar um quintal em um verdadeiro cartão postal, limitado por pés de oliveira e o ranchinho da lenha para o fogão. Essas cenas faziam brilhar os seus olhos. Aos 83 anos, um mês antes de sua passagem para a vida eterna, ainda preservava vitalidade total e, arraigado nela, um costume dos antigos bergamascos de São Paulo de Montagnú: o costume de levantar cedo, cantar e trabalhar. Levantar muito cedo para cuidar do quintal com seus temperos, chás e verduras ainda molhadas pelo orvalho da manhã. Para ela, o quintal não nutria apenas o corpo, mas também o espírito. Sentia-se rainha no meio do seu quintal. Se para os netos e bisnetos ela lembrava uma mesa com polenta, para o seu genro ela lembrava a mesa da Lucas Bez Batti, 130, lembrava o café com pão de milho, lembrava o macarrão caseiro com molho em demasia da mesa do noivado, ou o arroz soltinho com batatinha frita na mesa da casa 119. Todas as pessoas têm seus segredos. Alguns são descobertos logo, outros levam anos. Um segredo da Dona Iraci só foi descoberto há poucos dias. Depois do falecimento do Ângelo, seu marido, ela havia desenvolvido, em silêncio, uma estratégia para manter unida a família, para manter a liga, visando contornar desavenças ou estilos de vida diferentes. Nas discussões da vida, na presença do filho, ela defendia os pontos de vista da filha ausente; na presença da filha, ela defendia os pontos de vista do filho ausente. Assim, estava sempre a favor dos dois. Ela foi a mãe expansiva e extrovertida de uma filha reservada, a Lacy, e de um filho inclinado para o esporte, o Tasso. Para filhos com estilos diferentes, ela precisava de genro e nora diferentes. Nos últimos dias, e pelos misteriosos caminhos da vida, ocorreu o envio de uma mensagem numa blusa que foi entregue à filha para ser lavada e somente observada no momento de ser dobrada: nela estava a estampa “Amore Mio”. Ao ser repassado ao bisneto pequeno que a nonna havia se transformado numa estrela no céu, ele respondeu preocupado: “Mas vai demorar para você ser uma estrela né, Pai?”. Haverá gramados, flores e quintais só para você, Iraci. Lá acordarás às 6 horas com o romper do sol, irás para o quintal e, à tarde, numa cadeira de balanço, apreciarás o pôr do sol. Se aqui da terra é espetacular, só não imagino como não será o pôr do sol visto do céu. Felizes os que têm uma morte digna e longe da parafernália tecnológica de hoje. Ela salva vidas sim, mas também escraviza. Os pensamentos foram se distanciando e o cansaço chegando com força máxima. Os primeiros raios de sol pareciam agredir os olhos. E, assim, a longa noite amanheceu com amigos, amigas, pessoas queridas e o padre Daniel Pagani recitando as orações da eternidade. Como se lê em Coríntios, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”

Com a missa de 7º dia rezada pelo padre bergamasco Valdemar Carminatti, fecha-se um ciclo. E a vida manda abrir outro. Que assim seja, Amém.

Iraci Zuchinalli - Montanhão – 16/02/1937 – Urussanga – 22/09/2021.


WORD WIDE WEB



Na linha do tempo, 30 anos nos separam do lançamento do primeiro site que foi lançado em 6 de agosto de 1991.

Era apenas um bloco, alguns links e nenhuma imagem. O pioneirismo por tal façanha tem nome.

É Tim Berners-Lee, cientista britânico, hoje com 66 anos.

E aí surgiu a rede mundial de computadores.

Em 1992 o mundo passaria a dispor de 20 sites e hoje eles somam mais de 1,8 bilhão.

É ou não é uma loucura essa revolução desencadeada pelo cérebro humano que se chama Rede Mundial de Computadores? Como diria aquele velhinho da propaganda de lançamento do veículo Corsa: “Corsa em 9 cores? Mas aonde este mundo vai parar?”


PÍLULAS

  • Em entrevista nesta semana à Marconi, o prefeito em exercício Jair Nandi demonstrou equilíbrio, segurança e sensatez em suas ações e palavras sob os mais diversos aspectos da administração pública. Em meio a um turbilhão com viés político, ele foca com precisão e clareza nos problemas dando ou encaminhando soluções aos mesmos. Está em evidência pela primeira vez na história política de Urussanga a tão buscada e sonhada 3ª via para o município. Nandi nos faz lembrar a postura do ex-governador Raimundo Colombo. Nas vitórias ou nas derrotas, nos momentos de dificuldade ou de euforia, o “serrano” sempre com a mesma postura serena, sem os chamados egos inflamados.

  • E também a entrevista mais aguardada do ano, a do prefeito afastado Luís Gustavo Cancellier, respondendo as perguntas do repórter Rafael Niero sobre a Operação Benedetta. Se diz inocente, afirmou que há equívocos no relatório da PF e que deve voltar ao cargo.

  • A Epagri neste ano comemorando 30 anos de parceria com a família rural catarinense. São 65 anos de Extensão Rural, 35 como Acaresc e 30 anos como Epagri. Uma parceria entre técnicos e agricultores que alavancaram o agronegócio catarinense. Na AgroPonte, a ser realizada em novembro em Criciúma, o estande da empresa explorará este tema. Visando discutir a estratégia desta ação, a convite dos meus ex-colegas de trabalho, estivemos nesta semana na Gerência Regional para uma troca de ideias. Participamos na condição de ex-funcionário e colunista do Panorama, pois desde a sua criação em 1992, o Jornal Panorama sempre registrou com destaque as ações da empresa e do meio rural.

  • Quem já não consumiu um produto da Hemmer, empresa blumenauense, do Bairro Bandefurt, no mercado há mais de 106 anos e conhecida pela produção e comercialização de alimentos em conserva? E como nesta terra quem manda mesmo é o “deus” dinheiro, ela foi adquirida pela norte americana Kraft Heinz Company. A Hemmer estava sob o controle familiar há várias gerações. Como não saborear na mesa uma maionese, um pepino em conserva, um palmito nos vidros desta empresa? Seus produtos não poderiam faltar à mesa farta do Verde Vale do Itajaí. Não havia festa no Verde Vale sem os produtos da Hemmer.

  • Notícia ruim é a única coisa deste mundo que corre mais rápido que o vento, tão rápido quanto o pensamento. Já notícia boa se desloca na velocidade de uma tartaruga.

  • No Centro Cultural, uma reunião de lideranças para apoiar o trabalho intitulado “Indicação de Procedência Vales da Uva Goethe: possíveis relações entre patrimônio, cultura e turismo” do acadêmico Breno Anastácio Pereira pela Univille. Já na semana passada pela UFSC, a acadêmica Luiza Mazon Freitas apresentou seu TCC intitulado “Tipicidade da Uva e do Vinho nos Vales da Uva Goethe” obtendo nota máxima. A defesa foi realizada de modo virtual pela plataforma do Google Meet, respeitando os novos tempos ditados pela Covid-19, tendo como orientadora Vivian Maria Burin. O tema “Uva e Vinho Goethe” tornou-se o assunto predileto de muitos estudantes na Unesc, Unisul, Univille, UFSC e outras universidades do país.

  • Espremendo o limão da última sessão legislativa, cujo foco continua sendo a situação política confusa: Vereador Bonetinho afirmando que Comissão Parlamentar de Investigação e Comissão Processante, segundo a legislação, são ações distintas: Uma é para investigar e a outra é para julgar. Vereador Fabiano afirmou que golpe é mentir para esconder a verdade. Vereador Beto Cabeludo considerando a sessão passada uma vergonha. Vereador Bonomi, registrando que o Poder Legislativo não cumpriu a sua missão e que então é preciso aguardar o Judiciário. Vereador Luan disse que foi impedido de trabalhar, que vereador foi impedido de fiscalizar. Vereador Taliano lembrou que a Lei Divina do Retorno existe e muitos irão conhecer o seu efeito. Tudo e todos, dentro e fora da Câmara, dentro e fora da Prefeitura, somente falando neste assunto. Que a Justiça seja célere, que julgue logo e que com o encerramento desta questão se foque no desenvolvimento do município. Neste mundo dinâmico, quem anda está sempre no mesmo lugar e quem não anda, na realidade não está parado. Está andando para trás. Portanto, Attenti Urussanga.


ATENTI RAGAZZI


Na semana passada, encontramos na Agência dos Correios, gente amiga de Belvedere. Encontramos Vilmar Cambruzzi e Ivonete Cittadin Cambruzzi. Ao perguntar como andava o lugar mais lindo de Urussanga, os nossos Alpes, Ivonete nos disse: “Tá mudando tudo, Maestrelli. O mundo virou por completo. Os do mato estão indo para a cidade e os da cidade estão vindo para o mato. Quem você acha que são os espertos e os bobos nesta história”?



Na comunidade de São Valentin, num domingo após a missa, o menino Rafael Lorenzi, na gaita e seu pai no violão, sendo observado pelo padre Pedro Damásio. Logo a cidade vai ter um grande gaiteiro, um grande acordeonista.

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