
Da esquerda p/direita: Janaina, Marina e Catiani com o pai Zé Biz. Foto arquivo Panorama SC
Natural de Rio América, onde a maioria das famílias dependia da atividade extrativista do carvão, o menino José Carlos José- Zé Biz, se esforçou para aprender tudo o que lhe foi ensinado na escola de ensino fundamental desta localidade interiorana de Urussanga.
Seu sonho era estudar mais, completar o 2º grau, se formar em alguma profissão e garantir um futuro de conforto e segurança econômica.
Mas o sonho era grande e as dificuldades muitas.
O 2º grau só existia em Criciúma ou então no Colégio Rainha do Mundo, na época gerenciado por freiras beneditinas, que tinha a mensalidade tão alta quanto a sua fama de ser o melhor. Inacessível para um filho de mineiro que não podia contar nem com transporte público para ir e voltar da escola.
Surge então o Colégio Anacleto Damiani, com mensalidades mais acessíveis e até com bolsas de estudo para os mais necessitados, oferecendo curso técnico de contabilidade com aulas no período noturno. Essa escola foi a ponte que permitiu ao jovem José ingressar no mundo dos números e, fazer dele, o mundo de sua família.
Com outros três amigos de Rio América, José Carlos vinha de ônibus para o centro da cidade e voltava a pé, chegando já de madrugada após percorrer os 6 km da escola que ficava no prédio atrás do Paraíso da Criança até sua residência.
As dificuldades impuseram uma pausa, mas a vontade de concluir o estudo foi mais forte e, assim, o tão sonhado diploma foi recebido pelo novo técnico em Contabilidade alguns anos depois.
Seu primeiro emprego foi na Ceusa e possibilitou que pagasse seus estudos. Após formar-se técnico em Contabilidade conseguiu emprego no banco Bradesco,mas iniciou na empresa como contínuo/faxineiro, sendo posteriormente promovido a Caixa e a Gerente da sucursal da CCU em Santana e da sucursal em Cocal do Sul.
Foi nessa época que ganhou o apelido de Zé Biz, dado pelo seu gerente Itamar Miguel Domingues. Após 14 anos no Bradesco, Zé Biz aceitou o convite para trabalhar como contador na Cerâmica Eliane.
Quando já havia pedido demissão, surgiu o Plano Collor e o confisco de dinheiro que paralisou a economia, deixando Zé Biz sem emprego.
Já casado e com filhos, o sonhador menino de Rio América teve que buscar outro meio de garantir a renda familiar. Começou então a produzir estopas para vender, bem como a vender placas em bronze para cemitérios e inaugurações de obras e, ainda, troféus e medalhas para premiações.
Em abril de 1993 foi contratado pela Eflul como contador, cargo que exerceu até 2005.
Num esforço que mostra a garra dos vencedores, Zé Biz fez faculdade de Contabilidade na Unesc, pós graduação em Contabilidade e Controladoria pela Unisul e pós graduação em Gestão Tributária também pela Unesc.
Em 2006 abriu sua própria empresa de contabilidade, no edifício Aliança, no centro de Urussanga, com seu filho e suas três filhas. O filho Alisson atualmente está em Lages cursando Medicina. A filha Janaína, formada em Contabilidade com especialização em Administração e Comércio Exterior está cursando Direito. Marina formada em Contabilidade tem pós-graduação em Direito Tributário e Catiani que também é contadora e tem pós graduação em Gestão Empresarial. A persistência que teve na sua formação profissional, Zé Biz manteve na vida comunitária sendo Presidente do Centro Social Urbano por 21 anos, ampliando o espaço para atividades recreativas, promovendo bailes e criando o grupo da 3ª Idade que se reunia semanalmente naquele local. Foi membro do Conseg- Conselho de Segurança, duas vezes presidente da associação de Moradores do Bairro Morro da Glória e fez parte do Conselho Municipal de Saúde.
Sua persistência capricorniana foi testada quando decidiu ser vereador, tendo disputado as eleições de 2004,2008 e 2012 sem se eleger, vindo a realizar seu sonho em 2016 quando se elegeu com 711 votos pelo seu partido- o PP e o possibilitou chegar à Presidência da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Urussanga.
Hoje, aos 64 anos, Zé Biz é pré-candidato a vereador, afirma que se sente realizado ao ver seus filhos buscando cada vez mais o aprimoramento profissional e acredita que ainda tem muito por contribuir com sua comunidade. Um dos projetos que abraçou durante estes anos de vereança foi o da diminuição do preço da energia elétrica em Urussanga, o qual era o 4º mais alto do Brasil e atualmente desceu para a 18ª posição no ranking nacional.
“Essa foi uma luta que envolveu o povo, vereadores, prefeito, deputados estaduais e federais, senador, governador, TCU, Ministério de Energia, Procom estadual e nacional, Celesc e Procurador Geral em Santa Catarina. Ainda podemos ir além e tentar diminuir mais o preço, mas a energia em Urussanga era 92% mais cara que Cocal do Sul e hoje é 36%. Então deu uma boa diminuída”, afirmou Zé Biz ao acrescentar que um novo sonho já tomou forma, com estudos e um projeto em andamento: o da recuperação do Rio Urussanga.
“Eu creio que ainda tenho muito a contribuir para com a minha cidade e seu futuro. Esse projeto de despoluição do Rio Urussanga é uma causa que tem me estimulado a buscar informações junto aos órgãos ligados a esse setor. Nossa cidade e nossa região são carentes de rios com água potável e precisamos incluir rios limpos em nossas metas de futuro”, concluiu Zé Biz.