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Foto do escritorMARCIA MARQUES COSTA

Vajont - 60 anos da tragédia que matou cerca de duas mil pessoas na Itália


A história da Itália está intimamente ligada à construções que deram um novo rumo para a humanidade, tanto no modo de vida quanto em conceitos arquitetônicos que se traduziram em sinônimo de qualidade e longevidade.

Para se ter noção disso basta lembrar as estradas pavimentadas que aceleraram o desenvolvimento na Europa e garantiram melhor integração no vasto Império Romano, alguns trechos delas ainda em perfeito estado como a Via Ápia.

O conceito de construir para durar o maior tempo possível está no DNA italiano, com a pedra estando presente desde a mais modesta moradia nos vilarejos até os castelos de Reis.

Rochas igneas, sedimentares ou metamórficas fazem parte da identidade italiana de Norte a Sul, sendo utilizadas desde a construção de aquedutos e pontes com seus belos arcos que já comemoraram seus milênios, até castelos monumentais e coliseus a ostentar a grandeza de Roma permanecendo como alguns exemplos do quanto a engenharia e a arquitetura da Itália influenciaram o mundo antigo e encantam todos até os dias de hoje.

Também na dureza ou maleabilidade da rocha o talento humano se perpetuou em obras de arte que tornaram mundialmente famosos gênios como Michelangelo, o criador da imagem de La Pietà em mármore, cuja réplica doada pelo Vaticano se encontra na igreja matriz de Urussanga.

E o conhecimento dos italianos nestes segmentos é tão grande que até mesmo quando erraram feio ao construir, mostraram que sabiam fazer para durar.

O primeiro exemplo a ser destacado é a Torre de Pisa, considerada um dos maiores erros da engenharia mundial.

Como o projeto foi feito sobre uma base instável composta de lama, areia e argila, a torre começou a afundar e foi se inclinando para um lado.

Iniciada em 1173 e concluída em 1350, com 56 metros de altura e 8 andares, a Torre de Pisa continua de pé há mais de 800 anos após ter sido iniciada.

Deste feito, resultou um dito popular para designar a persistência das pessoas frente as suas adversidades na vida.

Quando alguém é considerado forte e persistente, dizem: “é como a torre de Pisa, pende mas não cai!”

O segundo exemplo de um erro de engenharia na Itália é o da Barragem do Vajont. Uma das barragens mais altas do mundo, com 262 m de altura, 27 m de espessura na base e 3,4 m no topo, construída na década de 1960, esta obra causou a morte de quase duas mil pessoas no Vale do Rio Piave, região de Longarone e cidades vizinhas, no Norte da Itália.

Em 9 de outubro de 1963, um deslizamento de terra na encosta do Monte Toc provocou uma onda gigantesca que passou por cima da muralha e devastou tudo por onde passou.

O desastre anunciado previamente foi ocasionado porque os projetistas ignoraram uma instabilidade geológica neste monte, no lado sul da bacia.

A muralha de 262 metros de altura resistiu a força do impacto na água e a onda que se formou, continuando entre as montanhas até hoje. E embora a Barragem Vajont esteja em desuso, as instalações da hidrelétrica recebem visitas de turistas e, mesmo com toda sua imponência, mostra, como no caso da Torre de Pisa, que é preciso obedecer as regras da natureza para evitar erros e tragédias.


Na foto acima, vista que se tem da barragem, no centro da cidade de Longarone- IT

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