Sérgio Costa e Ruberval Pilotto
“Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. Mudou restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem cidadão.
E só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário; lê e escreve; mora; tem hospital e remédio; e lazer quando descansa.”
Estas palavras do presidente da Assembleia Nacional Constituinte- Ulisses Guimarães, pronunciadas no início de seu discurso na cerimônia de promulgação da atual Constituição Federal, nos revela a esperança de um Brasil mais democrático e justo.
Já se passaram mais de três décadas desta data em que o texto constitucional entrava em vigor no Brasil e instituía novas relações econômicas, políticas e sociais.
Nascia o Sistema Único de Saúde (SUS) e a determinação de uma educação igualitária para todos, além da regulação da jornada de trabalho para oito horas diárias e a instituição das licenças maternidade e paternidade.
Das sete Constituições existentes no país desde a do Brasil Império, em 1824, a Carta de 1988 foi a que mais trouxe direitos fundamentais, indo desde a liberdade de expressão ao direito à propriedade, à liberdade de ir e vir, de exercer a fé que desejar e de não ter a casa ou moradia violada.
Trouxe também a proibição da tortura, garantia de que a herança seria distribuída de maneira igualitária para filhos legítimos ou ilegítimos, a presunção da inocência e o direito de Justiça gratuita a quem não pode custear. Além disso, o direito à educação, à saúde, ao trabalho e à segurança e, na área trabalhista, veio a redução de jornada semanal de 48 para 44 horas, seguro-desemprego, direito à greve, licença-maternidade de três para quatro meses e licença-paternidade de cinco dias.
Passado todo este tempo, são visíveis e grandes as falhas sequenciais no sistema governamental , com Presidentes que não conseguiram tornar reais os direitos conquistados na Carta Magna.
E ainda que a segurança, a saúde, a educação e por vezes a dignidade humana não se façam presentes no cotidiano deste imenso país, não se pode deixar de registrar que, num determinado momento da história brasileira, representantes do povo pararam para discutir e implementar regras que deveriam trazer bem estar a todos.
E deste momento histórico participaram 18 deputados catarinenses, sendo eles: Alexandre Puzina(PMDB), Antônio Carlos Konder Reis (PDS), Artenir Werner (PDS), Cláudio Ávila (PFL), Eduardo Moreira (PMDB), Francisco Kuster (PMDB),Geovah Amarante (PMDB),Henrique Córdova (PDS), Ivo Vanderlinde (PMDB),Luiz Henrique da Silveira (PMDB), Neuto de Conto (PMDB),Orlando Pacheco (PFL), Paulo Macarini (PMDB), Renato Vianna (PMDB), Ruberval Francisco Pilotto (PDS), Victor Fontana (PFL), Vilson Souza (PMDB) e Walmor de Luca (PMDB).
Naquela legislatura, o PMDB catarinense tinha 11 dos 18 deputados federais que participaram da elaboração da Carta Magna. As demais cadeiras eram ocupadas por 4 do PDS e 3 do PFL. No Senado, Nelson Wedekin e Dirceu Carneiro faziam parte da bancada PMDBista e Ivan Bonato e Jorge Bornhausen representavam o PFL.
A participação urussanguense
Como já foi possível perceber, Urussanga também tinha seu representante no Planalto Central.
Filho do ex-prefeito Dionísio Damiani e Benigna Bez Fontana, Ruberval tinha 40 anos de idade quando participou de Comissões para elaboração da Constituição Federal. Formado em engenharia civil no ano de 1973, tornou-se prefeito de Urussanga pela extinta ARENA, de 1977 a 1982, ano este em que elegeu-se deputado estadual pelo PDS, partido que dava continuidade aos ideais arenistas. Em 1986 foi eleito para a Câmara Federal e, na Assembléia Nacional Constituinte, foi titular da Subcomissão do Sistema Financeiro, da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças; e suplente da Subcomissão da Educação, Cultura e Esportes, das comissões da Família, da Educação, da Cultura e Esportes, de Ciência e Tecnologia e da Comunicação.
Hoje, aos 74 anos, já tendo ocupado vários cargos de destaque em órgãos e autarquias do estado catarinense e do Brasil, Ruberval Francisco Pilotto é um cidadão que teve seus méritos reconhecidos em títulos de Cidadania, Diplomas de Mérito e honrarias por ter colaborado no desenvolvimento de várias cidades e por ter participado de um momento tão importante da história do Brasil.
Em entrevista à reportagem de Panorama SC, Ruberval Pilotto disse: “ é gratificante olharmos para trás e vermos que participamos de algo importante para a vida de todos os brasileiros. Que trabalhamos com afinco para trazer os melhores resultados possíveis para a nossa Nação e, mesmo que nem tudo o que foi definido naquela época esteja sendo cumprido à risca, ainda assim é positivo o resultado de ter propiciado uma grande mudança no Brasil”, concluiu Pilotto.
Um fato que merece registro, é que o deputado que representava Urussanga acabou tornando sua cidade conhecida nacionalmente em virtude de ter levado para fazer a transmissão da sessão de instalação da Constituinte, em 1987, um repórter da Rádio Marconi, atualmente Diretor deste semanário- Sérgio Costa.
Com a maleta de transmissão emprestada pela Rádio Eldorado, o apoio do Diretor da Rádio- Ary Silva, os patrocínios da Mecril Milano, Empresas Librelato, Auto Viação São José e Silca Artefatos de Cimento e a hospedagem garantida pelo deputado urussanguense, Sérgio foi o único radialista catarinense a participar da transmissão feita diretamente do plenário da Câmara e, por este motivo, foi entrevistado para o jornal da Rede Globo de Televisão, a qual fez uma reportagem sobre o trabalho dos repórteres que transmitiam o evento para as pequenas emissoras de rádio do Brasil.
Para Sérgio, que guarda com carinho as fitas cassetes da transmissão direta do evento, estar presente no Congresso Nacional representando os radialistas catarinenses e Urussanga foi algo que ficou marcado como um bom momento. “Eu tinha 36 anos de idade e, embora eu já tivesse trabalhado em rádios grandes em São Paulo, como a Tupy e Bandeirantes, aquela foi a primeira vez que estive participando de algo que transformaria a vida dos brasileiros e ficaria na história nacional” afirmou Sérgio à reportagem de Panorama SC.
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