Enquanto aumenta a demanda de atendimento, falta profissionais interessados no serviço público para ampliar equipe técnica
Secretária Janea Possamai
Diretora da escola Barão do Rio Branco, em entrevista à reportagem de Panorama SC, disse que está preocupada com o número de alunos com problemas de deficiências.
Ao informar que no Barão há alunos com problemas deste tipo desde as séries iniciais até o ensino médio, Simone disse que os casos mais frequentes são de autismo e TDH.
“ Eu acredito que seria importante Urussanga fazer um estudo relacionado a este problema, unindo escolas, poder público e comunidades, para descobrirmos as causas dessas doenças, se elas são de origem genética ou estão sendo ocasionadas por algo externo, e também para que tenhamos um número oficial das pessoas com necessidades especiais e, assim, podermos elaborar ações e projetos, dando um direcionamento adequado ao futuro, baseando-nos em dados oficiais, com projeções que nos possibilitem irmos nos preparando para acolhermos estas pessoas com deficiências e ajudar as famílias.
Precisa ser uma ação conjunta, envolvendo Conselho de Educação, Secretaria de Educação, Apae, Secretaria de Saúde entre outros” afirmou Simone.
“Nós hoje, quando recebemos um aluno com deficiência, precisamos buscar a ajuda de vários profissionais. Entre eles, psicopedagogo, fonoaudiólogo ou até mesmo psicólogo.
E o que acontece? Acontece que há falta deste tipo de profissional na rede pública de ensino regular, o que é um problema a ser resolvido”, concluiu Simone.
Também para falar sobre este assunto, reportagem de Panorama SC conversou com a Secretária de Educação - Janea Possamai.
Afirmando que realmente houve um crescimento no número de alunos com deficiências nas escolas de Urussanga, Janea disse que a Secretaria e o Município estão atentos e na busca de soluções.
“Cresceu muito. Não se sabe se antes desta leva do ano passado havia conhecimento destes transtornos, destas dificuldades. Com os estudos, isso avançou muito e hoje fica mais fácil para diagnosticar, além de os profissionais estarem mais acessíveis. Tivemos aí um somatório de fatores. Tivemos dois anos, 2020 e 2021 praticamente sem aulas por causa da pandemia, mas temos observado um número elevado também na educação infantil. Os números que eu tenho são do ano passado, a partir do senso é que vamos estar atualizando esta informação.
Mas na rede estadual em Urussanga, nas cinco escolas, nós temos 32 crianças com diversos tipos de transtornos, além dos 90 que estão matriculados na Apae e na rede municipal nós temos um total de 176 crianças de inclusão matriculadas. No total, em Urussanga, temos 298 casos. É um crescimento bastante grande” pontuou Janea ao explicar que a Secretaria de Educação vem buscando solucionar o problema tentando contratar profissionais especializados para atender a demanda.
“Hoje nosso maior problema é a falta de profissional, tanto na rede municipal quanto na estadual, há esta carência de atendimento.
Enquanto aumentam os casos de deficiências constatadas há, por outro lado a falta dos profissionais para atuar nesta área. Principalmente o fonoaudiólogo, que já fizemos concursos e até processo licitatório mas não apareceu nenhum profissional interessado.
Eu creio que isso esteja acontecendo pela falta de profissionais, pois é uma demanda que está crescendo muito e também porque o atendimento particular, às vezes, é mais vantajoso financeiramente do que estar trabalhando numa rede pública.”
Ao falar sobre a situação atual, Janea disse que Nós temos doenças bem raras no município, são crianças que vão receber atendimento domiciliar em virtude de as mesmas não poderem ficar com as outras crianças. O que acontece então? A professora vai até a casa, em dias combinados com a família, para trabalhar com este aluno e não deixar que ele seja prejudicado na transmissão de conhecimento.
Tem algumas situações que nos chamam atenção, com alguns autistas que tem um comportamento mais agressivo e outros que conseguem acompanhar, mas estamos preocupados sim com este aumento no número.
Quanto a realização de um estudo sobre este aumento, a Secretária afirmou concordar e explicou que atualmente a rede educacional não atende apenas crianças de famílias urussanguenses já com histórico conhecido. Muitos são os que vem de outras cidades e outros estados do Brasil em busca de emprego trazendo consigo suas famílias e matriculando seus filhos nas redes municipal e estadual.
Atualmente estamos atendendo crianças que vem de outros estados, cujo histórico familiar e de doenças são desconhecidos.
Então, às vezes, elas vem de locais onde os seus problemas não foram identificados no início e já estão no ensino fundamental, sem terem aprendido o que poderiam através de um atendimento especializado.
É nossa preocupação identificarmos isso e ajudar que a criança tenha sua autonomia.
Em relação ao Conselho nós fizemos várias reuniões, fizemos um trabalho de levantamento, estamos preparando uma sala de estimulação dentro da secretaria de educação para que as crianças que tiverem necessidade de atendimento especial encontrem apoio do poder público.
O principal fator é a criança ser bem aceita, independente de qualquer que seja o diagnóstico.
Ela tem que estar na escola, que é importante, e tem que estar muito bem acolhida não só pelos profissionais mas pelos colegas também.
É lidando com estas diferenças que a gente vai conhecendo, vai entendendo e podendo ajudar, não só a criança mas também a própria família”, concluiu Janea..
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