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Trabalhadores que enfrentam o calor para garantir o sustento das famílias

Santa Catarina iniciou esta semana sob uma forte onda de calor, devido a um bloqueio atmosférico que impediu a entrada de frentes frias e manteve o tempo seco, levando os órgãos responsáveis a emitir comunicados para que a população se prevenisse, evitando riscos à saúde. As manhãs começaram abafadas e as temperaturas subiam rapidamente ao longo do dia, aumentando o risco de desidratação, insolação e agravamento de doenças cardiorrespiratórias. As recomendações eram para evitar exposição ao sol nos horários mais quentes do dia, entre 10h e 16h, além de manter-se hidratado e procurar locais ventilados sempre que possível.

Recomendações estas que, infelizmente, muitos profissionais não puderam seguir à risca pela força da necessidade de sobrevivência sua e de seus familiares.


Um exemplo disso foi o jovem Gabriel Amaral, 23 anos, natural de Bauru- SP e residente em Navegantes-SC há seis anos que, na ensolarada manhã da terça-feira 11/02, foi entrevistado pela reportagem de Panorama no entorno da Praça Anita Garibaldi, em Urussanga.

Gabriel é vendedor ambulante de materiais de limpeza e percorre o sul catarinense oferecendo vassouras, rodos e outros materiais para limpeza. Entrevistado sobre o calor quase insuportável do início da semana, ele afirmou que gosta do seu trabalho e, embora sofra com a variação da temperatura, este é um meio de conseguir pagar suas contas de aluguel e viver.




Nada fácil também é a vida de Jader Azambuja Ilha, trabalhador da construção civil que estava sob o sol de 35 graus na manhã da terça-feira em Urussanga participando da revitalização de um dos patrimônios histórico-arquitetônicos da cidade.

Casado pai de dois filhos e residente em Estação Cocal, Jader diz que não é nada fácil trabalhar debaixo do sol, mas faz isso com coragem e pelo amor que tem pela sua família.

Perguntado se ele ao menos se refrescava com ar condicionado ao chegar em casa para descansar, Jader disse que só usa ventilador e que, embora tenha uma boa residência, às vezes sobra só o vento quente no rosto e noites mal dormidas.



Cristian A. Cardoso também foi outro guerreiro que enfrentou o sol na área de construção civil. Residente no Bairro São Pedro, Cristian trabalha há anos como servente de pedreiro e diz que já está acostumado a passar calor.

“A gente está acostumado. Sua bastante, até ajuda a emagrecer”, afirmou Cristian ao informar que após a jornada diária na construção civil, faz o segundo turno no período noturno.

“De noite ainda trabalho em uma lanchonete entregando lanche até meia-noite. Depois, aí sim, durmo num lugar bem fresquinho com ar condicionado” afirmou ele à reportagem de Panorama.






O urussanguense Elton Sabino, que é pedreiro desde 2005 e está trabalhando em restauro de edificação histórica no centro de Urussanga, disse à reportagem de Panorama que não é nada bom trabalhar com calor.

“Já que precisamos trabalhar e enfrentar o calorão, temos que tomar algumas medidas preventivas como se hidratar, usar chapéu e passar protetor na pele quando for necessário apanhar sol direto” explicou Elton.








Rozenaldo Ferreira Almeida, um paranaense funcionário da Coopercocal que estava realizando um trabalho de poda de árvores em Urussanga numa temperatura de 36ºC, também se queixou do calor desta semana.

“Nós, com a necessidade de usar EPIs, sentimos ainda mais calor. Mas, devagar e com segurança, tudo dá certo” disse Rozenaldo ao lembrar com alegria que chegaria em casa e poderia dormir com o aparelho de ar condicionado ligado para se refrescar.







O pintor Jerry Adriani Heinzen, que tem 41 anos e há 19 trabalha nesta profissão, disse à reportagem de Panorama que não estava nada fácil enfrentar uma sensação térmica de 40ºC.

“Não estudou, agora tem que aprender a ser ladino” afirmou com bom humor o fumacense que trabalhava no centro de Urussanga esta semana.











Valdecir Ramos é outro exemplo de resiliência.

Sua história na construção civil iniciou quando ainda era adolescente.

“Já são quase 50 anos que trabalho como ajudante de serviços gerais. Aquele prédio defronte ao Bradesco, no centro da cidade, trabalhei quando era novo.

Descarreguei muito saco de cimento nas costas. E era calor demais naquela época também, mas a gente tinha que trabalhar pra panela poder ferver.

Hoje em dia se reclama muito.

É ruim? É horrível!

Mas se a gente precisa, não tem estudo, não tem outra oportunidade melhor, tem que encarar o sol, trabalhar e pronto” afirmou Valdecir.


Vendedor de aparelhos de ar também passa calor


Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), deve aumentar em 350% a compra de aparelhos de ar-condicionados no Brasil até 2050.Somente nos primeiros seis meses de 2024, os dados são de que foram vendidos mais de 2,79 milhões de aparelhos de ar-condicionado no país, representando um aumento de 83% em relação ao mesmo período de 2023. A produção destes aparelhos que refrescam os ambientes e a vida das pessoas, também registrou um aumento expressivo, com um crescimento de 83% de janeiro a julho de 2024, em relação ao mesmo período de 2023.

Em Urussanga, segundo Moisés da Rosa, que há anos trabalha nesta área, é visível o aumento nas vendas destes aparelhos.

“Em Urussanga faz muito calor no verão e também tem um clima úmido, e a maioria dos aparelhos de ar refrigerado oferecem as opções de resfriar o ambiente e também o de tirar a umidade do ar, amenizando para quem sofre com problemas respiratórios” explicou Moises, cujo filho tem uma loja de revenda destes ítens.

Ao ser questionado sobre trabalhar no calor para refrescar a vida dos outros, Moises disse que cada qual tem sua parte nesta engrenagem da vida. “É difícil trabalhar no sol? Certamente que é. Mas é uma profissão que gosto e quando estou instalando um aparelho lembro que outras pessoas se beneficiarão do serviço que estou prestando, tanto para o conforto quanto para a saúde. É algo muito gratificante” afirmou Moisés.

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