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  • Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

SÉRGIO MAESTRELLI

É UMA QUESTÃO DE BODE NA SALA

O calçamento de tantas ruas, dentre elas, a Rua do Sapo, a rua da nossa infância e adolescência, calçada com granito pela equipe do Norzinho na administração Lydio De Brida, mostra o trabalho de nossos artesãos da pedra. Hoje ela e outras ruas possuem alguns cantos irregulares e para corrigir alguns entendem que há somente um caminho: asfaltar. Respeitamos opiniões contrárias, porém, discordamos. Ah! mas, a maioria quer, dizem os defensores do manto preto sobre a pedra. E quem disse que é a maioria que sempre tem razão. A maioria também achando que estava correta, condenou Cristo. Chamar mãos hábeis, chamar o Zavarise é a solução mais simples e racional. É solução econômico-cultural.


Onde está o problema?

Saber a causa exata de um problema, seja ele qual for, é o melhor ponto de partida para uma solução dita racional, já diziam os chineses antes da chegada do italiano Marco Polo às suas terras para descobrir o macarrão. O problema das ruas calçadas com pedra não está no paralelepípedo. Está nas mãos inábeis, inaptas, irresponsáveis, amadoras, desprovidas de “bitola”, desprovidas de capacitação. Está nas intervenções pessimamente realizadas pelos órgãos públicos. Aliás, a política do time azul agora, e do time vermelho antes, é a mesma e é essa: Arrombar para criar condições para asfaltar. Piorar para provocar reclamações. Cada intervenção em nossas ruas calçadas é um desastre premeditado. O paralelepípedo é recolocado de modo avacalhado. Porque cá entre nós e cá entre eles: Como afirmou Cristo, se as vozes do bom senso não falarem, as pedras falarão. Um exemplo emblemático ocorreu na Rua Angélica Bettiol que teve o seu meio fio de granito ponteado substituído pelo meio fio de concreto-broa. Um crime de lesa cultura. É um caso emblemático da frase bíblica: “Ide e Vede. Vide outro exemplo, a entrada do Parque Ado Cassetari Vieira com seus dois “spotáchios” de 2023, um de concreto e outro de asfalto, um corrigido o e outro a corrigir. A pergunta do cidadão é esta: Onde está a fiscalização? Eu respondo: há décadas, ela está em curso de pós-graduação na Universidade do Piriquiri no Oeste da China. Idiota sim, mas não tanto. Como diria Jô Soares, “menos Padilha, menos”.


Asfalto sim, mas em local adequado e necessário.

Dizem que somos contra o asfalto. É quirera. É balela. Somos a favor sim, mas é preciso analisar onde. Tanto é que foi no período da nossa gerência na Estação Experimental da Epagri de Urussanga que o seu acesso foi asfaltado. Urussanga precisa é de asfalto para o Rio Carvão/Santana, para Azambuja, para Treviso, para Siderópolis. Urussanga precisa de asfalto nas ruas de chão batido, lá onde a dona de casa que, no verão não abre as janelas devido ao pó e a poeira, e em dias de chuva, na via, enterra seu sapatinho de salto alto até o calcanhar. É aí que eu dizia, diria o amigo Tóni Fornasa. Aí sim deveria se exigir do prefeito o asfalto, aí o manto preto cai como a luva de Éder Jofre, de Muhammad, de George Forenamn, Joe Frazier, Mike Tison.


O que pensa a Europa sobre o tema pedra e asfalto?

Substituir asfalto por paralelepípedo com maior intensidade virou tendência europeia desde 2012. Principalmente na França. Itália, Alemanha. Um país domina o outro não pela força das armas e sim, impondo a sua cultura e destruindo ou inibindo a cultura do país conquistado. O Plano Marshall foi um plano muito bem concebido pelos norte-americanos para recuperar e subjugar uma Europa destruída pela II Guerra. Implantar asfalto em longas rodovias (necessário) e nas pequenas cidades sob a pedra nem tanto. Foi apenas uma medida visando enfraquecer a identidade cultural existente desde os Tempos de Roma e da Idade Média. Levando junto os filmes de Hollywood e tirando da mesa a polenta, o queijo, o salame e outros pratos tradicionais e impondo o Mac Donald. Mas parece que os europeus acordaram. Há mais de uma década, substituir a pedra pelo asfalto ou arrancar o asfalto sobre a pedra virou tendência europeia. Em cidades europeias, o asfalto está sendo retirado e substituído por pedras, que possuem durabilidade ilimitada, são removíveis e reaproveitáveis. A pavimentação com paralelepípedos em vias públicas, focando nos aspectos ambientais, durabilidade e custo benefício, dá um banho. Mas entendemos por aqui que asfaltar também não tem como objetivo apenas a dita “mobilidade urbana”. Aliar asfalto à ideia de modernidade é algo distorcido, algo próprio de mentes distorcidas, desprovidas de lastro cultural. Pavimentar as ruas de pedra com asfalto vai contra a tendência mundial. Numa rua, existe um cenário mais deprimente do que um asfalto detonado, fragmentando, esburaco, espedaçado, esfarelado? E assim fica por meses e o Poder Público não tá nem aí. Mas tem gente que gosta. A indagação é esta: Será que os europeus estão errados? É evidente que não, porque num jogo envolvendo a cultura entre os europeus e urussanguenses teríamos um resultado superior ao resultado de Brasil 1 x Alemanha 7, dos tempos do Felipão que não soube parar no momento histórico adequado. De herói em 2002, entrou para a história como vilão em 2014 e com esta visão será lembrado.

Pedra em Paris??? Olha aí a colega Sônia Blota, pisando no calçamento do centro de Paris.


Como diria o amigo e vereador Gilson Casagrande: “Mas o que que é isso, minha gente!” É Cultura Casagrande. No segmento do granito, a Pia Batismal magistralmente esculpida por Pietro Bez em 1909 é o nosso símbolo cultural maior, ao lado dos palanques que ancoram nossos parreirais e de nossas ruas calçadas. Que o diga a Praça Anita revestida de verde e de pedra.




Oh, progresso...

Oh, liberdade, quantos crimes cometem em teu nome, disse alguém na Revolução Francesa. E nós registramos: Oh, progresso... quantos crimes cometem em teu nome. Na vizinha Nova Veneza, ela em rápidos passos, já recuperou praticamente todo o seu patrimônio arquitetônico e nós aqui, ainda estamos na fase da discussão do “restaurar ou demolir”. Urussanga, disse alguém, é uma BMW, uma Ferrari enguiçada no meio do caminho.Existem dois genes inconvenientes na genética de grande parte dos urussanguenses: o gene que transmite o respeito à cultura e o gene responsável pelo respeito ao meio ambiente. Precisamos recorrer à engenharia genética e modificar tais genes. Eles são nefastos. Os fartos exemplos nas duas áreas citadas falam por si mesmo. Quando o padre Agenor iniciou uma campanha para preservar parte do Cabo Aéreo, ele nos enviou uma “cartinha” para Pelotas onde cursávamos a universidade, expondo sua ideia e pedindo apoio da juventude urussanguense. No decorrer da campanha, ele nos confidenciou que infelizmente só ouviu um não das autoridades ditas “competentes” e ironia dos detentores de mentes rasas iguais ao meio fio, que diziam que “o que era velho tinha quer ser derrubado. É preciso implantar o novo”. Como se para implantar o novo fosse necessário demolir o antigo. Deu no que deu. Hoje falta o cabo aéreo e suas caçambas, sobram lamentações. A mais corrosiva das substâncias não é o ácido sulfúrico. É a ignorância. Dizia o Pe. Carlos que “ela estravanca tudo”. Outros exemplos: baile das máscaras começou na Acrima em Rio Maior. Prosperou, fez e faz sucesso na filha caçula da imigração italiana: Nova Veneza. Manas Bonetti com o Mosaico não encontraram espaço em Urussanga. Foram para Cocal, Gravatal. Urussanga: dormir sim, hibernar não. É vero ou não é vero. Cada vez me convenço mais de que a profecia do Marzano está a cada ano se materializando com maior intensidade. Mas, Everaldo Savi Mondo iniciou um processo de reversão a partir da última Ritorno que estava esquecida e relegada a um plano inferior. Que outros sigam o caminho. Ir a favor da onda é fácil. Difícil é ser voz isolada e corajosa e remar contra a correnteza que provoca erosão e dilapidação cultural. O Conselho de Cultura convidou para uma palestra aqui na cidade, profissionais do IPHAN, FCC e UNESC para aqui vir e aqui mostrar e reforçar porque a preservação do nosso patrimônio arquitetônico, do granito é importante e faz parte da nossa identidade cultural. Trazer gente de fora para reforçar? Se ainda estamos nesse estágio embrionário, como diria o amigo Sandrini... “É prá se acabá”. Uma cidade precisa ter uma identidade. Sem ela, torna-se um lugar caracterizado pela mesmice. As referências precisam ser preservadas. Esanos ainda na fase do Omar, você vai hoje para o pomar?


O Coliseu em perigo

Como afirmou um leitor do Panorama revoltado com a situação do patrimônio histórico e cultural em Urussanga, num registro do colunista Sérgio Costa. “Se a Itália tivesse uma dúzia de pessoas como alguns em Urussanga, o Coliseu já teria virado kitnet”. E também a Torre de Pisa já teria sido demolida porque representava perigo. Mas que coisa! Quem é você leitor? Se não te conheço, mas preciso te conhecer. Venha integrar a Câmara do Patrimônio Histórico Cultural do Conselho Municipal de Cultura recentemente reativado.


Concluindo...

Essa questão do embate entre “Asfalto e Granito” tem a cara do bode, cheiro do bode e até mesmo de bode expiatório. Para quem não conhece a fábula do Bode, vá lá na Biblioteca Municipal, converse com a Alice e consulte o fenomenal “Livro das Fábulas”, ou se você não descobriu o prazer de folhear um livro e for adepto da era digital, acesse o Google.


PÍLULAS

- E aí Ana, Gi e Gessy do Cáritas! Quando vamos inaugurar o Casarão do Monsenhor com os Cardeais da Colina relembrando os anos 60, da Jovem Guarda, dos Beatles e dos Rolling Stones? Já temos data prevista? Dizem que três deles, o Gera, Ike e o Marquinho Birollo já iniciaram os ensaios.

-Utilizar o Parque de modo mais intenso é algo cantado em prosa e verso há décadas. Agora a Rádio Fundação Marconi, “A Voz dos Vinhedos” se antecipa ao Poder Público e começa a utilizar o seu equipamento no Parque Ado Cassetari Vieira de modo mais frequente e não apenas na Festa Ritorno Alle Origini e Festa do Vinho. “Conversa no Parque” em sua primeira edição com a participação da APAE. Na sequência, o Clube dos 13 e Associação Coral Santa Cecília. Que as demais entidades e principalmente a Prefeitura sigam o rastro promovendo ações nesse sentido.


ATTENTI RAGAZZI

E assim caminha a nossa Benedetta. Na Câmara, sai o Bonomi e entra o De Noni.

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