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Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

SÉRGIO MAESTRELLI

PÍLULAS


  • Na 2ª Feira, dia 25 de Abril, dia de São Marcos, a missa comemorando em Azambuja os 100 anos da Igreja de São Marcos foi um marco. A igreja ainda com o seu piso original e que assim seja. Ontem dia 28, o registro dos 145 anos da chegada dos imigrantes italianos no Sul Catarinense mais precisamente em Azambuja. Foi no já distante ano de 1877. Azambuja “Ejus basis”, Urussanga “flos vasis”. Azambuja a base do vaso, Urussanga a flor do vaso. Tudo deve ser união entre essas duas comunidades. Registra-se que atual administração de Pedras Grandes tendo à frente o prefeito Aguinaldo Felipe e o secretário Júlio Cancellier andam investindo pesado na cultura, na historia e na manutenção das tradições do município. A árvore que despreza as suas raízes, seca. E Pedras Grandes e Azambuja, assim como Urussanga não podem secar.

  • Alguém estava com um carrinho cheio de frutas e verduras rumo ao caixa num supermercado e aí o Archimedes Costa com humor recitou em tom alto no corredor: “Já dizia Pero Vaz de Caminha: Nesta terra em se plantando tudo dá. Então, quem não plantá tem que comprá”.

  • Já na Farmácia, todos reclamam da balança. Ninguém sai contente. Teve alguém inclusive que disse: “O técnico ainda não veio consertar essa balança?”. É a briga das calorias. É muito raro alguém descer da balança com um sorriso.

  • Sabia dessa? O João-de-barro é a símbolo da Argentina e a águia é a ave símbolo dos Estados Unidos. Já os brasileiros optaram pelo sabiá-laranjeira como sua ave símbolo. O bem-te-vi é a ave símbolo de Timbó, no Médio Vale do Itajaí, onde atuei como extensionista da Acaresc por 19 anos. A ave símbolo de Urussanga, logicamente, é o Uru. E por falar em João-de-barro, por acaso a mulher do João de barro é a Maria-de-barro?

  • Governo Moisés divulgou uma enorme quantidade de obras por todos os municípios de Santa Catarina. É o plano 10,100,1000. Muitas constituem, por enquanto, apenas anúncio. “Tá tudo no prometeu”. Esta situação nos faz lembrar o Moisés dos tempos bíblicos, que conduziu seu povo rumo à terra prometida, mas para atingir tal objetivo, levou 40 anos. Passou a Semana Santa, passou Santo Expedito, passou São Marcos da Imigração e niente. Quem sabe no aniversário de Urussanga. o manto preto do Rio Carvão terá início. Será que vamos ter um anúncio e aquele bolo ou será que teremos apenas aquela nega maluca e um bolinho de baunilha? Aguardemos, pois.

  • “Deus é mais que a nossa vida” – Padre Miro nos microfones do programa “Deus está no comando”.

  • “Bom dia Brasil da Bola!”. Assim começou a jornada esportiva do Criciúma em jogo narrado por Joel Bernardo. Além de questionar a atuação do atacante Negueba, o narrador esportivo Joel Bernardo, no último sábado, afirmou que o goleiro Mailson do Sport sofreu um grande frango. E aí entrou o Gustavo Sprícigo Marques com o seu “doce balanço da rede”. Logo o Sport empatou e o Gustavo deveria acrescentar: “eis o amargo balanço da rede”. Frango: você não sabe o porquê desta expressão? Então fique sabendo. “Frango” é a expressão utilizada quando o goleiro falha de modo grave e grotesco na defesa de uma bola fácil. A expressão tem origem no balé, parecido com aquele em que uma pessoa tenta pegar um frango no galinheiro e ele sempre escapa das mãos que ficam vazias. No campo a bola é o frango.

  • No último domingo, dia 24, comemorou-se os cinco anos do Santuário Sagrado Coração de Jesus, construído na Comunidade de Morro Bonito, em terras doadas pelo empresário Zefiro Giassi. A missa com o bispo Dom Jacinto Inácio Flash marcou o evento religioso. Numas das inúmeras missas, o trecho de um sermão: “Todo poder terreno termina no cemitério”. É vero. E parece que vai ter livro a ser escrito por Dom Murilo para explicar o significado da existência deste santuário.

  • Vereador Luan Varnier exaltado e inconformado no uso da tribuna na última sessão legislativa com os problemas dos Bairros Bom Jesus I e II que aportaram em seu gabinete itinerante. Contundente concluiu com um “na moleza nada se resolve. Tem que ser na dureza”.


ATTENTI RAGAZZI


“Quando você vai ser admitido num serviço eles pedem chapa do pulmão, chapa do coração. Deveriam era pedir chapa da cabeça para ver o que o matuto pensa, para ver se o matuto é bom”.

Brizola, o filósofo de Santana.



Quem esteve destinando alguns reais para aquele bolo de morango foi a amiga e vizinha Andréia Scarabelot. Ela foi esperta. Atenta ao mercado devido a guerra Ucrânia x Rússia, ela já havia antecipado o pagamento do bolo ainda no mês de fevereiro e assim escapou do último aumento do trigo, Além do seu aniversário comemorado no dia 26, ela também comemorou 20 anos como “guardiã” da antiga residência de Bruno Renato Mariot e da Dona Carlota de Lima, dos filhos Ernesto, Paulo, Marcos Ricardo, Sílvia, Vera e de Ruth Marques Ricardo. A construção é um dos símbolos arquitetônicos da nossa Rua César Mariot. A casa foi construída pelos jovens pedreiros Rubens e Silvino Fontanella, em meados dos anos de 1953-1954. A residência atualmente é de propriedade do filho Marcos Ricardo Mariot, o amigo Nanau.


DONATO, UM EXTENSIONISTA NATO



Os ventos de abril sopraram e nos trouxeram uma notícia triste no dia 20. É com um grande sentimento de perda e pesar que registramos o adeus de um grande amigo e companheiro da valorosa Acaresc/Epagri, o adeus do engenheiro agrônomo Lucietti, do extensionista Donato, um extensionista nato.

Ele esteve sempre no âmago da empresa.Epagri e os agricultores sofreram um duro e profundo golpe. As unidades da Empresa amanheceram com uma tarja preta na porta. A Epagri está de luto, Urussanga está de luto, Nova Veneza está de luto, Turvo está de luto. Todo o Meio Rural do Sul Catarinense está de luto. A Extensão Rural perdeu um grande guerreiro, tombou um gigante. Os agricultores perderam um extensionista na mais clara e límpida acepção da palavra. Donato foi um extensionista que vestiu a camisa da Epagri todos os dias, nos dias de trabalho, nos feriados, dias santos e nos finais de semana.

Os familiares e amigos perderam um ente querido em grau máximo. Donato tem origem na palavra latina “Donatus” que significa “dado de presente”. Os agricultores com o trabalho, com os conselhos e com as orientações técnicas dele e de seus companheiros do Programa Provárzeas, implantado pela Acaresc nos anos 80, foram longe. Saíram de uma safra de 40-50 sacos e saltaram para170-180 sacas de arroz por hectare, algumas lavouras excepcionais atingindo até 230-240 sacas, uma verdadeira revolução agrícola. Uma revolução na colheita e no bolso da família rural. Donato deve ter nascido e crescido próximo de uma arrozeira, tamanho era o amor e a dedicação por essa cultura. As lavouras de arroz tremiam quando viam o Donato surgindo, pois elas sabiam que ele conhecia todos os seus segredos. Por isso, como diria o padre Raulino Reitz, o padre das bromélias e gravatás, panículas maduras de arroz louvai o Senhor, louvai o Donato. Donato era arroz de segunda à segunda: podia ser arroz alla grega, com camarão, com um peixinho frito, com funghi, na minestra e sempre soltinho. Arroz em casa, arroz no escritório, arroz nos projetos, arroz no restaurante em suas viagens. Arroz na colheitadeira, arroz no saco, arroz no caminhão, arroz no secador, arroz no armazém comunitário, arroz armazenado como semente para a próxima safra que seguramente será promissora. Arroz branco, vermelho ou preto. Arroz, divino, arroz. Que venha até nós o nosso arroz de cada dia. Deixou marcas e rastros em sua passagem que as águas das arrozeiras jamais apagarão. Tenho certeza que todo agricultor que conheceu o Donato fez por ele uma prece ao Criador, porque ele merecia.

Donato ingressou na Acaresc/Epagri em 1986, e começou suas atividades profissionais em Urussanga, terra de seus antepassados, que residiam em Rio Carvão. A partir de 1988, lançou suas raízes fortes e profundas em Nova Veneza, onde atuou por 34 anos. O povo daquela cidade lhe concedeu o título de Cidadão Neoveneziano. Por esse longo período de botas brancas e chapéu de palha viveu sempre junto aos agricultores, realizando palestras sobre arroz irrigado, envolvendo projetos de irrigação, projetos de açudes, projetos de captação, projetos de redes coletivas de água, desassoreamento de rios, como registrou o gerente regional Edson Borba Teixeira. Este complementou com um “eu não consigo pensar num presente melhor do que foi ter esse profissional como amigo e colega de trabalho, eu falo aqui por cada epagriano que conviveu com ele”. Donato sempre chegou cedo em todos os seus compromissos, muito cedo. E cedo nos deixou. Cedo, Deus resolveu chamar Donato para a sua casa. Os caminhos do Senhor são misteriosos e incompreensíveis para a mente humana entender. Ele era também um expert na área ambiental, nos quesitos educação ambiental e matas ciliares, atuante no Comitê da Bacia do Rio Urussanga. Conhecia todas as nascentes de ponta a ponta dos rios sulinos. Juntos, participamos por anos a fio como membros do GTA do MPF no projeto “Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração do Carvão”. Recebia diversos telefonemas dele com o recado: “Maestrelli, amanhã é dia de bronca na Satc, na Unesc. É dia da reunião com o procurador Darlan Airton Dias. Não vai falhar heim! Não vai me deixar sozinho nessa empreitada”.

O presidente da Epagri, engº agrº Giovani Canola Teixeira, que iniciou sua vida na empresa como extensionista rural em Treviso, esteve presente e com ele todo um regimento de extensionistas, pesquisadores e administrativos, fazendo jus a um pensamento do Pe. Agenor: o primeiro milagre dos mortos é fazer com que os vivos se reencontrem. As portas de muitos escritórios municipais se fecharam neste dia. Ele era dono de um grande espírito agregador entre seus colegas. Apaziguador, era algodão entre cristais. Sempre juntava, não espalhava. No dia 20 de abril, em Nova Veneza, lá estive, não mais para uma reunião da Epagri com o Donato, não mais para a Festa da Gastronomia ou para o famoso Seminário sobre Arroz Irrigado. Fui a Nova Veneza para vivenciar um dia muito triste, mas observando todo o time de extensionistas presente e todas as homenagens, o meu íntimo inundou-se de uma grande paz e de um grande conforto espiritual de difícil descrição na língua portuguesa. Contemplei muita gente falando muita coisa do Donato, mas coisas boas. Deixou coisas, deixou marcas, deixou rastros, deixou exemplos, deixou sentimentos. O Clube dos 40 marcou presença com cantos que ele gostava de ouvir. Pe. Gilson da Silva Pereira e Grazzi Macarini registraram seu trabalho na Igreja atuando como catequista e palestrante, levando sempre a mensagem da família, como integrante do Grupo de Cantos Sacros. Foi integrante atuante, também, na diretoria de grupos culturais. Na inauguração de um canal de irrigação para as lavouras de arroz, um produtor deixou o seu testemunho dizendo: naquele dia o Lucietti estava tão feliz que parecia até que era um produtor de arroz a ser beneficiado diretamente. Prefeito Rogério Frigo, em seu 4º mandato, deixou sua mensagem em nome do povo de Nova Veneza que amanheceu de luto: “Ele foi um amigo e uma verdadeira alavanca para os agricultores. Desde que aqui chegou, ele se comportou como um legítimo neoveneziano”.

Todos tinham algo bom para dizer no ar, sindicalistas, cooperativistas, técnicos, agricultores, amigos. Donato fez jus ao seu nome. Foi um grande amigo para seus amigos. Foi um presente de Deus. Ele foi sepultado no entardecer do dia 20 de abril, em Turvo, terra de seus pais, sua terra natal. Na imagem que ilustra esta página, Donato parece estar nos dizendo: “Turma, eis aqui o meu chão, acrescentado com meu cordial bom dia, com meu cordial boa tarde, com meu cordial boa noite, com meu cordial abraço”.

Donatus, palavra latina que lembra também um santo famoso, Donatus de Arezzo. Nome de origem religiosa que adquiriu o sentido de “consagrado ao Senhor”, e eu acrescentaria “consagrado também aos agricultores”. Donato foi um ser humano que sempre procurou corresponder às expectativas dos outros. São Pedro Damião escreveu em sua obra “Sermões” que, no campo do Senhor, vicejam dois ramos, Donato e Juliano. Juliano, o Imperador Romano se tornará carvão para as chamas eternas do Inferno. Donato, o santo, cedro no Paraíso. E o nosso Donato também se tornará cedro no Paraíso, um cedro na encosta a observar as vastas várzeas com panículas de arroz maduro balançando ao vento. Seguramente os últimos pensamentos do Donato nesta vida foram para a sua esposa Estela e para as filhas Heloísa e Letícia. E nós também encerramos esta homenagem terminando com os nomes Estela, Heloísa e Letícia. Que sejam fortes e guerreiras nesta vida como o Donato foi. A boa terra jamais nega honra e reconhecimento a quem trabalha e a quem merece.

E o Panorama também. Há muitas áreas e canais de irrigação a serem implantados no céu.

Bom trabalho, Donato.

Escrito a quatro mãos por todos os seus amigos.


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