Servidores e magistrados presentes à sala de sessões Ministro Teori Zavascki na manhã desta terça-feira (9/7) – ou que acompanharam a transmissão realizada via YouTube e Instagram – testemunharam um momento histórico do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), com a apresentação da ferramenta de inteligência artificial (IA) generativa que irá auxiliar o Poder Judiciário catarinense.
Santa Catarina é o primeiro Estado que passa a contar com a utilização institucional da IA generativa no âmbito do Poder Judiciário. A ferramenta selecionada para essa finalidade é o Copilot. Desenvolvido e fornecido pela Microsoft, o Copilot é uma IA generativa que atua como assistente inteligente, capaz de gerar conteúdos para apoiar e potencializar o trabalho tanto de magistrados como de servidores.
A programação foi iniciada com palestra do neurocientista Leandro Mattos. Renomado especialista em inteligência artificial, ele mostrou ao público como o Copilot pode ser usado na prática, destacando também os desafios da IA generativa no contexto do Judiciário. Ele destacou as facilidades e vantagens da utilização da nova tecnologia. Como plataforma oficial, o Copilot oferece proteção e segurança de dados no trabalho a ser desenvolvido.
Leandro comparou o uso da ferramenta a outros momentos disruptivos das rotinas de trabalho, como a própria chegada dos microcomputadores e seus programas ao nosso dia a dia. “Será como o pacote Office da Microsoft. Ele foi lançado em 1989, e muitas pessoas tinham muito receio de usar. Hoje, não dá para imaginar o nosso trabalho sem Word, sem Excel, sem PowerPoint. Com a IA, será a mesma coisa. Quanto mais rápido entrarmos na onda do aprimoramento de performance, melhor será o resultado para o Judiciário catarinense e para a celeridade da prestação jurisdicional. O que nós estamos fazendo hoje é antecipar o futuro de Santa Catarina e entrando nessa plataforma de IA generativa”, frisou.
Com o Copilot, será possível simplificar tarefas, oferecer sugestões e fornecer informações com o potencial de otimizar os processos judiciais. Entre suas principais vantagens estão a economia de tempo, a melhoria na precisão dos documentos e a agilização dos trâmites processuais. Além disso, a ferramenta funciona em um ambiente fechado e seguro, com acesso restrito, sem compartilhamento de dados com a internet.
O presidente do TJSC, desembargador Francisco Oliveira Neto, lembrou que a utilização da IA generativa nas rotinas será um marco para o Judiciário catarinense, mas sem esquecer as responsabilidades éticas que o avanço trará. “Para que essa transformação digital seja bem-sucedida, é fundamental que todos nós, integrantes do sistema de justiça, estejamos envolvidos e comprometidos com o processo. A inclusão e a colaboração serão as chaves para desbloquear o potencial pleno da inteligência artificial em nosso ambiente de trabalho. Nossa comunicação será clara e transparente. E aqui, no novo compromisso que se assume, começaremos com diálogo aberto sobre a inteligência artificial, como ela afetará as nossas funções, qual o impacto dela. E é essencial que todos entendam os benefícios que o Copilot trará, bem como as mudanças que podem esperar”, destacou.
Em seguida, o diretor de Tecnologia da Informação do TJ, Daniel Moro de Andrade, mediou uma mesa-redonda com apresentação de cases de aplicação prática do Copilot no Tribunal. Assessoras jurídicas de dois desembargadores e da Presidência do Tribunal mostraram como o uso da ferramenta traduziu-se em ganho de tempo, sobretudo em tarefas como transcrição de depoimentos e vídeos e estruturação de relatórios. Outros três depoimentos mostraram como a IA começa a ser empregada nas Diretorias de Gestão de Pessoas (DGP) e de Orçamento e Finanças (DOF), bem como no Núcleo de Comunicação Institucional (NCI) do TJSC.
“O Copilot chega como um assessor virtual. Ele vem para ajudar, para auxiliar o magistrado e o servidor. Em um gabinete, por exemplo, tivemos uma economia de oito horas de trabalho em um processo específico. Mas não há como ensinar a utilizá-lo: o servidor terá que aprender usando e experimentando a ferramenta. Para ajudar os usuários, já estão disponíveis no Portal do Conhecimento do site do TJ os vídeos e todas as informações que conseguimos compilar”, explicou o diretor da DTI.
Audiência pública
As atividades se encerraram com a realização de uma audiência pública promovida pelo TJ, com a participação da sociedade civil. Representantes de instituições com atuação voltada para o tema puderam se manifestar na audiência. Participaram promotores de justiça ligados ao Núcleo de Inovação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), além de representantes do Instituto dos Advogados de Santa Catarina (IASC), do Núcleo de Pesquisa em Propriedade Intelectual da UFSC e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
O material resultante da audiência pública fundamentará a proposta das Metas Nacionais para o Judiciário em 2025, que será submetida à Rede de Governança Colaborativa do Poder Judiciário e ao Conselho Nacional de Justiça.
Foto Cristiano Estrela/TJSC
Fonte NCI/Assessoria de Imprensa
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