O assunto mais falado da semana foi, com toda certeza, a entrevista concedida pelo prefeito Gustavo Cancellier à Rádio Cidade, de Criciúma, no último 11 de agosto.
Pela narrativa apresentada pelo Prefeito nesta entrevista, existe uma “organização criminosa” que foi “instalada dentro do Poder Executivo na época, junto ao vice-prefeito orquestrando tudo isso, para derrubada nossa, para que tomasse a cadeira definitivamente e, através da Câmara de Vereadores, fazendo uma cassação...”
Segundo ele esta “organização criminosa” trabalha para tirar-lhe da cadeira de Chefe do Executivo, a qual se instalou na PMU quando ele foi afastado do cargo e, em não conseguindo seu intento, se transferiu para a Câmara de Vereadores quando ele voltou, onde, através das Comissões Processantes, querem cassá-lo para entregar o mandato ao seu Vice.
Tudo isso, ainda segundo suposições do prefeito, com o apoio da “opinião pública comprada, muito claramente os veículos de comunicação de Urussanga, todos eles alinhados a este grupo” que, pelo que se entendeu, ficaria com a responsabilidade de fazer uma lavagem cerebral em toda a população para colocá-la contra ele, a grande vítima da história, negando permanentemente ao Prefeito o seu direito de defesa.
Um roteiro digno de filme ou peça teatral.
Deixando de lado, neste momento, a contrariedade das versões entre o atual Prefeito e seu Vice sobre os assuntos administração municipal, obras e Comissões Processantes, nos ateremos ao que foi dito sobre a imprensa.
Depois de dizer que veículos de comunicação foram comprados e usados para manipular a opinião pública contra ele, o Prefeito, na mesma entrevista, se contradiz .
Ele afirmou “ nós, o nosso grupo, vai vencer as eleições o ano que vem”, disse também que está confiante na vitória de seu partido em 2024 porque, diferente das candidaturas em cidades grandes, onde a população conhece os candidatos somente pela mídia, ele e sua família, que sempre viveram aqui, são muito conhecidos pelos urussanguenses.
Uma expectativa de vitória nas urnas na próxima eleição municipal, anunciada mais de um ano antes é, no nosso entender, uma atitude de alguém que está muito confiante em seu potencial e boa aceitação. Ao usar, inclusive, informações de uma pesquisa que ele alega ser da oposição e cujos resultados informou acreditar serem positivos para sua administração, ele nos leva a usar os neurônios e perceber que, a imprensa local “comprada” pela “organização criminosa” não destruiu a imagem do Prefeito.
Ainda assim, é preciso perguntar: ao afirmar que a imprensa local tem poder de colocar qualquer coisa na cabeça dos urussanguenses, estaria o prefeito menosprezando a inteligência do nosso povo?
Estaria ele considerando nossa gente incapaz de enxergar o que está a sua volta, de analisar os fatos que acontecem no dia a dia , de ter seu próprio veredito sobre a sua cidade e, somente depois, comparar o que sabe ou vive com o que ouve ou lê nos meios de comunicação ?
Acusar a imprensa de trabalhar para a oposição ao seu governo com intuito único de roubar-lhe a cadeira de Prefeito e negar espaço para defesa, pareceu uma postura demasiadamente vitimista e que não condiz com a atual realidade.
Pois, apesar de a denúncia de suposto superfaturamento em obra ter sido feita pela oposição, foi um homem que era do mesmo partido e da confiança do prefeito Gustavo, um engenheiro urussanguense renomado contratado por ele, que em seu depoimento na Justiça afirmou haver sim problemas na execução da obra denunciada. E imagina-se a gravidade, haja vista que o mesmo afirmou que preferiu pedir demissão do cargo para que não viesse a ter problemas na sua vida pessoal e profissional.
A narrativa de manipulação se esvai mais uma vez, carimbada com a falta de interesse de se defender de uma imprensa que, segundo ele, colocou estopa em sua boca durante todo este tempo. Ora, um Prefeito com conhecimento jurídico para emitir ou permitir que se emita uma notificação extrajudicial a uma emissora de rádio alegando falta de pagamento da taxa de aluguel na Festa do Vinho; tem a obrigação de saber que a Lei de Imprensa garante o direito de resposta para todos que se sentirem ultrajados pelo que for publicado ou dito nos meios de comunicação. Direito este que, ao menos no Panorama, NUNCA FOI PEDIDO, seja de forma amigável ou judicial.
Quem conhece a história do Jornal Panorama, sabe que a filosofia editorial deste semanário já mostrou não ser atrelada a partidos políticos e seus interesses, com as críticas, denúncias, elogios ou sugestões sendo feitas independentemente de quem esteve na Cadeira de Chefe do Executivo.
Estamos, neste 2023, encerrando o trigésimo ano de ininterrupta circulação. Neste tempo, políticos de diversos partidos e coligações já entraram e saíram do Paço Municipal e da Câmara de Vereadores.
Nós continuamos no mesmo semanário.
De todo este lamentável episódio, entristece saber que durante o maior evento festivo de Urussanga, um radialista de Criciúma se instalou no Parque Municipal, certamente com a anuência do Prefeito e da Comissão responsável pelos espaços, para falar de política e eleições 2024 com o Prefeito da cidade.
E nós, que pela primeira vez não recebemos na redação do Jornal o costumeiro convite para o referido evento, e nem a autorização de trânsito livre para levar equipamentos no Parque, facilitando assim o nosso trabalho das pretendidas e não feitas transmissões ao vivo; certamente fomos considerados dispensáveis.
Resta saber, como um veículo de comunicação que não é tido como importante para, através de suas redes sociais, animar o povo a ir para uma simples festa, teria competência para incutir na mente do povo que o prefeito é bom ou ruim.
Mesmo assim, cumprimos com nosso papel, divulgando em edição impressa e rede social, matérias sobre a Festa do Vinho.
Seguimos na certeza de trilhar nos princípios da ética, da moralidade e bons costumes, firmes e inabaláveis na verdade de que Panorama NÃO SE VENDEU ao CRIME ORGANIZADO para, como injuriosamente afirmou o Prefeito urussanguense , tentar tirá-lo do poder.
A vida e o trabalho continuam.
Da nossa parte, com a consciência tranquila e tendo como escudo nesta difícil caminhada terrena, o amor e a proteção de Deus. Que assim, sempre seja.
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