A igreja matriz Nossa Senhora da Conceição, no centro de Urussanga, é um patrimônio histórico-arquitetônico amado pela população, a qual não se furta de ajudar quando há qualquer necessidade de mantê-la bem preservada.
E não é para menos, afinal, esta edificação em estilo neoclássico teve seu projeto feito na cidade de Turin a pedido do segundo pároco - Luigi Gilli, e é uma prova viva de todo o esforço que os imigrantes fizeram para ter este imponente monumento de fé no local mais alto da Praça Anita Garibaldi.
Só para se ter uma ideia, o cimento veio de navio, em barricas, da Alemanha e foram necessários muitos voluntários com suas juntas de bois e carroças para que o pó acinzentado chegasse ao seu destino final e se transformasse num grandioso templo que atualmente abriga objetos preciosos como o sino doado pelo imperador Dom Pedro, a Via Sacra pintada em 14 telas que vieram da Alemanha, a réplica da La Pietà de Michelangelo doada pelo Papa Paulo VI em 1978, a pia batismal em granito esculpida pelo imigrante Pietro Bez, além das pinturas nas cúpulas e paredes que eternizaram o talento do pintor Pedro Cechet. Mas nem tudo sempre foram flores nesta história.
Padre Gilli, para ter seu conjunto de campanário e igreja, precisou usar de todo poder de convencimento para que os colonos o ajudassem nestas batalhas. E realmente eram batalhas a serem vencidas, se levarmos em conta que a comunidade ainda estava em desenvolvimento e o dinheirinho era contado para as necessidades das famílias que viviam bem distante de grandes centros comerciais.
Hoje a igreja é um monumento da vitória desta gente e, pelos comentários que a reportagem de Panorama ouviu de vários cidadãos urussanguenses, merece ser apreciado e mostrado em sua plenitude, sem que a vegetação existente esconda detalhes da edificação.
E entre tantos que acreditam ser necessário fazer um projeto paisagístico que não obstrua a vista da igreja, está o empresário urussanguense José Carlos Sacchett.
Apaixonado pela cultura italiana, Sacchet apoia projetos neste setor e participa do Grupo Amici Della Polenta - que já foi responsável por vários trabalhos de recuperação de objetos históricos, inclusive o relógio da torre da igreja matriz que quebrou recentemente.
A opinião de Sacchet
“ Eu já viajei para vários lugares do mundo e, em cada país ou cidade que vou, costumo visitar as igrejas.
E eu posso dizer com todo orgulho e satisfação que a nossa matriz é muito linda, tanto externamente quanto internamente.
A riqueza dos detalhes da torre e da igreja, a imponência que a própria localização confere a este bonito conjunto arquitetônico e as obras de arte que ali estão abrigadas, são fatores que mostram o esforço de toda uma comunidade em fazer o melhor que foi possível ao seu tempo.
Nós temos que nos orgulhar disso. Temos que olhar para esta colina e poder ver a obra completa, sem placas, faixas ou árvores atrapalhando a visão.
Eu, como cidadão que ama a cultura e respeita o passado, acho que devemos despoluir a frente da nossa igreja matriz, tirando as palmeiras que estão atrapalhando, até para que os visitantes possam fazer fotos mostrando toda a imponência destas obras” explicou Sacchet ao acrescentar que até se responsabiliza a ajudar na elaboração de um projeto paisagístico e no próprio ajardinamento do local.
Da redação
Vale registrar que esta não é a primeira vez que a comunidade urussanguense pede para que uma despoluição visual seja feita nos arredores da igreja matriz. Há alguns anos, vários ciprestes foram cortados exatamente por estarem altos demais, obstruindo a visão do conjunto arquitetônico formado pelo campanário e a igreja e também porque oferecia risco à segurança das pessoas.
Certamente, esta questão encontrará opiniões favoráveis e desfavoráveis ao corte das palmeiras e causará muita polêmica até que o veredito final seja dado.
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