Do Jardim de Infância às Damas de Caridade e Paraíso da Criança, uma vida dedicada a fazer o bem
Em 1948, quando o Padre Agenor Neves Marques chegou a Urussanga nasceu um projeto para prestar assistência aos menores, o qual iniciou com a Casa da Criança e seu Jardim de Infância e culminou com a construção do Paraíso das Crianças, orfanato que deu abrigo a mais de mil crianças carentes em sua história.
O primeiro passo desse projeto foi a criação do Jardim de Infância, que funcionava na antiga residência de Evaldo Losso, no início da Praça Anita Garibaldi, nas proximidades do local onde atualmente é a agência do Banco Bradesco.
A escolhida para ser a professora desta primeira turma foi a jovem de família muito católica e tradicional na cidade - Olinda Bettiol, que foi também a Tesoureira da 1ª Diretoria deste educandário criado em 17.08.1948.
Com seu jeito meigo e cativante, Olinda, que era conhecida por Olindinha e depois passou a ser chamada de Dinha, ensinou as letras do alfabeto a muitos urussanguenses.
Posteriormente, trabalhou por 64 anos como atendente e secretária na Casa Paroquial. Nestes anos todos, ela participou do Apostolado da Oração, Filhas de Maria, fez parte das Damas de Caridade e foi catequista.
Embora fosse uma moça bonita e com dotes que a qualificavam para ser uma esposa perfeita, Olinda seguiu o exemplo de sua irmã mais velha - Adélia Bettiol, e resolveu permanecer solteira e residindo na casa dos pais, onde está até hoje, quando comemora os seus 99 anos de idade neste dia 20 de março.
Aos cuidados do sobrinho José Bettiol e sua esposa Ieda, Olinda passa o dia com sua acompanhante Maria C. Mafra enquanto o casal trabalha e vive com a tranquilidade de quem não precisa tomar nenhum medicamento de uso contínuo. Em entrevista ao Panorama SC, Olinda disse que teve uma vida maravilhosa, nunca ficou doente e revelou que o segredo para uma vida longa é não fazer extravagâncias.
“Eu nunca fiz extravagâncias e, na nossa casa, sempre foi costume comer muita verdura. A gente sempre teve canteiro de radice, alface, couve e também as ervas que se cultivava para fazer chás, como boldo, camomila e outras” explicou Olinda ao dizer que sentia muita falta dos pais e irmãos que já faleceram.
Ao ser questionada sobre o Padre Agenor, Olinda afirmou que ele era uma boa pessoa e lembrou de um fato ocorrido em Florianópolis.
“ Uma vez convidaram o Padre para ir fazer prática (discurso) em Florianópolis. Disseram que ele falou duas horas e meia sem parar e tiveram que tirar ele porque cada vez mais aparecia assunto. O Padre era muito inteligente e sabia falar bem. Eu lembro que trabalhava na Casa Paroquial e sempre fui a pé para o serviço” explicou Olinda ao afirmar que nunca utilizou uma bicicleta como meio de locomoção.
Transmitindo uma paz que só as almas puras são capazes, a primeira professora do Jardim de Infância diz que gostaria de comemorar 100 anos, mas que isso depende “Daquele que está lá em cima”, numa referência a Deus.
Para esta urussanguense que merece o nosso reconhecimento, Panorama SC presta a sua homenagem com esta matéria que revela não só parte da vida dessa mulher, mas também da história de Urussanga. Parabéns, Olinda!
Por Marcia Marques Costa
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