O dia em que John F. Kennedy foi homenageado em Urussanga
- MARCIA MARQUES COSTA
- 8 de mai.
- 3 min de leitura

No mês em que Urussanga vive o seu Ritorno Alle Origini e completa mais um aniversário de fundação, o Jornal Panorama evidencia momentos desta história que é rica em exemplos de coragem, determinação e fé.
Na matéria de hoje, a reportagem de Panorama entrevistou o senhor Armando Bettiol, o qual compartilhou histórias marcantes que conectam o padre Agenor Neves Marques, de Urussanga, ao presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy.
Segundo ela, em 1963,há 62 anos, após a trágica morte de Kennedy, o padre Agenor organizou uma missa solene na igreja matriz Nossa Sra. da Conceição, em homenagem ao líder americano, que havia contribuído com a “Aliança para o Progresso” - um programa americano que trouxe significativa ajuda humanitária para Urussanga.
Durante a cerimônia, que contou com a presença de um coral e uma homilia elogiando o presidente falecido, o padre Agenor fez questão de incluir figuras da comunidade como guardas de honra.
“A igreja estava lotada”, recorda Bettiol. “Foi uma homenagem muito bonita.”
No Brasil, o então presidente João Goulart decretou três dias de luto.
Urussanga e a Aliança
Em 22 de novembro de 1963, a história dos Estados Unidos foi marcada por um trágico evento na Dealey Plaza, em Dallas, onde o presidente John F. Kennedy foi assassinado durante uma visita à cidade. Contudo, como recorda Armando Bettiol, a conexão entre Kennedy e Urussanga transcende esse fatídico dia.
Bettiol destaca a relevância do Padre Agenor Neves Marques, que atuou como um canal de solidariedade, trazendo para a cidade uma significativa quantidade de doações provenientes do programa Aliança para o Progresso.
Este programa, lançado em 1961 por Kennedy, visava promover o desenvolvimento econômico e social da América Latina, oferecendo auxílio humanitário e combate ao comunismo.
Em Urussanga, os impactos foram visíveis: donativos como leite em pó, azeite, manteiga, açúcar, grãos, sapatos e roupas de boa qualidade chegaram às mãos de muitas pessoas, contribuindo para a melhoria das condições de vida local. Bettiol relembra que até mesmo o Grupo Escoteiro da cidade se beneficiou dessas doações durante seus acampamentos.
Escapando da morte
Além da provável relação com Kennedy, o padre Agenor também teve experiências que evidenciam sua sorte e proteção divina.
Bettiol narra dois episódios em que o sacerdote escapou de situações fatais. O primeiro ocorreu no final da década de 1960, quando padre Agenor tinha uma audiência marcada com o Ministro da Fazenda da época Pascoal Ranieri Mazzilli. Ao tentar embarcar em um avião da ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo, ele se viu impedido devido à lotação do voo. Por sorte, uma passageira trocou sua passagem com ele, permitindo que o padre embarcasse. Naquela mesma noite, ele soube que o avião no qual deveria ter viajado havia caído, resultando na morte da mulher que lhe ajudou.
O segundo incidente aconteceu em Urussanga quando o padre estava retornando para casa de carona em um carro dirigido por Dorvalino Silveira. Durante a viagem, uma colisão fatal ocorreu devido à falta de visibilidade. O padre Agenor optou por não sentar na frente do veículo e acabou escapando ileso, enquanto a passageira que havia oferecido o lugar na frente para ele não teve a mesma sorte. Essas histórias destacam a influência do padre Agenor em sua comunidade e sua relação com eventos históricos significativos e ressaltam a proteção que o acompanhou ao longo de sua vida. As memórias contadas por Armando Bettiol permanecem vivas na história local e na memória dos moradores de Urussanga contemporâneos do Monsenhor Agenor Neves Marques.
A memória de Armando Bettiol, que em breve completará 95 anos, é um testemunho vivo da rica história de Urussanga e das interconexões que moldaram a trajetória do Município ao longo das décadas.