O total de casos foi contabilizado pela Agência Brasil, com base em informações divulgadas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde registra 218 casos confirmados da doença, enquanto a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informa que registrou mais um caso de varíola dos macacos no estado. Segundo o ministério, São Paulo tem o maior número de casos: 158. Em seguida, aparece o Rio de Janeiro que, de acordo com a Secretaria de Saúde do estado, soma 34 confirmações da doença. A pasta informa que os outros casos foram registrados nos estados de Minas Gerais (14), Paraná (três), Rio Grande do Sul (três), Ceará (dois), Rio Grande do Norte (dois), Goiás (dois) e Distrito Federal (um).
SAIBA MAIS
O que é Varíola do macaco ?
É uma infecção viral que causa lesões cutâneas (em pele) similares à varíola.
Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença que afeta naturalmente animais, mas pode infectar seres humanos
Trata-se da mesma varíola humana ?
Não.A varíola humana foi erradicada em todo o mundo nos anos de 1970.
O último caso de varíola humana no Brasil foi registrado em 1971
A varíola do macaco é causada por um vírus da família da varíola humana e causa quadros, a principio mais leves que a humana.
Epidemiologia
Apesar do nome, o macaco não é o culpado pela disseminação da Varíola do macaco.
Chama-se assim, simplesmente porque o vírus causador dela, o ortopoxvírus, foi isolado pela primeira vez em 1950 na Dinamarca em uma colônia de macacos africanos doentes.
Este vírus é geneticamente similar ao vírus da varíola. OU seja, é um parente.
Existem duas cepas distintas de varíola dos macacos em diferentes regiões geográficas da África.Este vírus não é novo, ele foi identificado pela primeira em humanos nos anos 1970 no Congo (antigo Zaire).O primeiro surto dos Estados Unidos ocorreu em 2003 após a importação de roedores infectados vindos da África.
Distribuição atual de casos suspeitos e confirmados de Varíola do macaco em regiões não endêmicas entre 13 e 21 de maio de 2022 – Fonte: OMS
Como ocorre a transmissão?
Transmissão animal para ser humano:
São principalmente roedores (esquilos de corda, esquilos de árvore, ratos, arganazes), Diferentes espécies de macacos
Contato direto com animais infectados
Mordida de animais infectados
Arranhão de animais infectados
Transmissão ser humano para ser humano:
Contato próximo através de gotículas respiratórias grandes que expelimos na saliva ao falar, espirrar ou mesmo conversar
Deve-se estar cara a cara com a pessoa a menos de 2 metros por mais de 3 horas sem o uso de equipamentos de proteção pessoal
Contato direto com as lesões de pele
Contato direto com líquido saído das lesões de pele
O vírus não fica circulando no ar como o coronavírus ou influenza.
Tempo de transmissão
A pessoa transmite a doença desde o aparecimento da primeira lesão de pele até o momento em que todas as lesões estiverem completamente secas.
Sintomas
Tempo de incubação
O tempo entre o primeiro contato com o vírus e inicio dos sintomas pode variar de 5 a 21 dias, a média é de 14 dias
Febre
Dor de cabeça
Mal estar
Mialgia (dor muscular)
Náuseas / vômitos
Disfagia (dificuldade para engolir alimentos ou líquidos)
Linfadenopatia localizadas especialmente em baixo do braço ou virilha
As lesões de pele típicas surgem por volta de 10 dias após inicio dos sintomas
Elas se iniciam tipicamente no rosto e depois ocorrem nas mãos e pés, inclusive em palmas e plantas.
As primeiras lesões são máculo-papulares (duras e baixinhas – do tamanho de uma ervilha)
Essas lesões crescem ficando mais altas e permanecem duras,
Depois se transformam em um vesículas com liquido claro em seu interior
Mais tarde este liquido claro pode ganhar aspecto de pus (pústulas)
Essa vesícula estoura e forma crosta (seca)
Evolução
Trata-se de uma doença autolimitada, ou seja, se cura sozinha. Em geral, possui uma evolução bastante benigna, o tempo todo de sintomas costuma durar de 2 a 4 semanas.
Complicações
Na África Central, a taxa de mortalidade é de aproximadamente 10% e as mortes geralmente ocorrem na segunda semana da doença.
Encefalopatia
Acometimento do sistema nervoso central pelo vírus
Abscesso retrofaríngeo
óbito
Definição de caso suspeito
O indivíduo de qualquer idade que, apresente:
Febre súbita maior que 38,5ºC
Adenomegalia (aparecimento de gânglios)
Erupção cutânea (do tipo papulovesicular) de progressão uniforme
Apresente um ou mais dos seguintes sintomas e que não se enquadre em outro diagnóstico após investigação
dor nas costas,
astenia (perda ou diminuição da força física)
dor de cabeça
Definição de caso provável
O indivíduo que atende à definição de caso suspeito E um ou mais dos seguintes critérios:
Ter vínculo epidemiológico
Histórico de viagem para país endêmico ou com casos confirmados da doença nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas.
Sem confirmação laboratorial
Pessoas expostas
Alto grau de exposição
Contato desprotegido entre a pele ou membranas mucosas de uma pessoa e a pele, lesões ou fluidos corporais de um paciente
Qualquer contato sexual,
Respingos inadvertidos de saliva do paciente nos olhos ou na cavidade oral de uma pessoa
Contato com o paciente sem luvas,
Contato desprotegido entre a pele ou membranas mucosas de uma pessoa e materiais contaminados como:
Roupas
Toalhes
Utensilhos
Estar dentro do quarto ou a menos de um metro e oitenta de pessoa doente sem usar mascara N95 (ou equivalente) e proteção para os olhos durante:
Qualquer procedimento que possa criar aerossóis de secreções orais, lesões de pele
Ressuspensão de exsudatos secos (por exemplo, sacudir lençóis sujos)
Médio grau de exposição
Estar a menos de 1 metro e meio de pessoa infectada por mais de 3 horas sem proteção
Baixo grau de exposição
Esteve no mesmo quarto de pessoa doente sem usar proteção para os olhos, independente do tempo de permanência
Monitoramento de pessoas expostas
Contatos de animais ou pessoas confirmadas como tendo varíola dos macacos devem ser monitorados quanto a sintomas por 21 dias após a última exposição
Monitorar a temperatura pelo menos 2 vezes ao dia em pessoas assintomáticas
Sintomas de preocupação:
Febre alta (acima de 38ºC)
Arrepios
Linfadenopatia (ínguas)
periauricular (ao redor dos ouvidos),
axilar (embaixo dos braços),
cervical (pescoço)
inguinal (virilhas)
A vacina que temos protege contra este vírus?
Possivelmente a vacina contra a varíola humana também tem proteção contra a varíola do macaco, o problema é que como a varíola humana já foi erradicada há muito tempo, existe uma baixa cobertura vacinal atualmente.
No caso de um surto de casos em zonas muito populosas, poderia se utilizar a vacina já existente da varíola para proteção daquela população em específico
Esta doença pode virar uma pandemia como a Covid-19?
É bastante difícil que isso venha acontecer, pois a via de transmissão é muito diferente.
Quando um vírus possui transmissão por via respiratoria a sua propagação se torna muito mais fácil, o que não é o caso da Varíola dos macacos.
Além disso, momento mais transmissível da doença os sintomas são muito evidentes
Não podemos nos esquecer também que este vírus, ao contrário do vírus da Covid-19, é conhecido desde 1.958.
Acompanhe os casos no mundo atualizados: https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/response/2022/world-map.html
Fonte: Dra. Keilla Freitas Infectologista
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