Além do Horizonte
Uma leitora, ontem mesmo, interpelou-me sobre o medo que ela tem e todos obviamente podemos ter receio da interferência da Inteligência Artificial em nossa vida. Ela, psicóloga, tem preocupações sobre o desemprego que a tecnologia pode trazer.
Respondi o que sempre respondo a todos: a tecnologia cria novos empregos, mas é necessário interagir com ela.
Sem interação, a chance de empregos é baixa no futuro. Estou falando especificamente de vários estudos que nos levam ao desemprego de até 50% das pessoas, se não houver direcionamento para a inclusão digital.
Há alternativas sim, para quem está impossibilitado de integrar o mundo digital. Em tese, o que temos atualmente?
Poluição, produtos que não são facilmente absorvidos pela natureza, aquecimento global, desmatamento.
Pois bem: em algum momento, por mais que posterguemos, é necessário resolver o estrago. Alguns dirão que podemos usar drones para recuperar florestas. De fato, podemos.
Mas também podemos utilizar mão de obra humana para realizar as mais variadas tarefas de recuperação ambiental.
Esta tese, quem levantou não foi eu e sim a psicóloga. Mãe de duas filhas, está preocupada (e com razão), com o futuro.
“Será que não poderíamos ter um equilíbrio entre a tecnologia e empregos?”. Eu lhe dei esta última resposta, a de que pode-se utilizar o nosso trabalho para recuperar os danos ambientais.
Cheguei até aqui, justamente olhando além do horizonte, com a preocupação de um país que certamente vai sumir do mapa em razão dos estragos ambientais: Tuvalu. É um país pequeno, formado por muitas ilhas, com a população de uma cidade de pequena para médio porte e a altura máxima do mar é quatro metros.
O aumento dos oceanos já faz estragos por lá, com a maré cada vez mais alta adentrando o território e contaminando os lençóis freáticos. Até 2100, o país deixará de existir, se os indicadores de poluição continuarem sumindo.
Se reflorestarmos o máximo de locais possíveis, pararmos de usar rapidamente plásticos sem o seu devido uso e os combustíveis fósseis e derivados (plástico e outros materiais não degradáveis), talvez tenhamos êxito em parar o trem da destruição. É muito mais barato trabalhar com sustentabilidade e repor o que a terra nos produz, para as futuras gerações. A solução? Utilizar milhões de pessoas nesta tarefa.
Não adianta mais tratar o assunto como tabu: o ponto de não reversão chegou e precisamos mudar de forma efetiva nossa relação entre o consumo de produtos não renováveis, criar políticas de reflorestamento à nível mundial e finalmente, transformar a tecnologia em aliada.
Talvez então eu possa lhe afirmar com toda certeza, cara leitora, de que o mundo pode ser realmente salvo. Não por super-heróis, mas por máquinas trabalhando junto com pessoas.