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Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

Irmãos Cittadin resgatam tradição do cultivo de trigo em Urussanga


Quem conhece um pouco a história de Urussanga, sabe que cultivar trigo era comum nas propriedades rurais colonizadas por imigrantes italianos. Num tempo em que não havia a indústria de beneficiamento e muito menos supermercados para adquirir a farinha de trigo, era normal cada família reservar um pedaço de terra para o cultivo desta planta que, desde os povos na Mesopotâmia,era utilizada como alimento numa região chamada pelos historiadores de Crescente Fértil.

Os grãos de trigo, naquela época, eram consumidos numa espécie de papa, misturados com peixes e frutas.

Quando os imigrantes italianos para cá vieram, o trigo já tinha ganho status de pão, bolachas, macarrão, panetone, pizza, além de ser usado para fabricar cerveja e na alimentação do gado.

Aos poucos esta cultura foi sendo deixada de lado e, agora, volta com um novo significado: aproveitar a terra na entressafra e melhorar a qualidade do solo e da alimentação do gado com diminuição de custos ao produtor.

Esses foram os motivos que levaram os irmãos Nelson e Neri Cittadin, agricultores residentes em Rio América Baixo, a plantar trigo em cerca de 15 hectares em Urussanga.

Em entrevista à reportagem de Panorama, eles disseram que as sementes do trigo são utilizadas na alimentação do gado e as plantas secas são deixadas no local para adubação da terra, criando uma boa cobertura vegetal que será benéfica para as culturas posteriores, a exemplo de milho ou soja, diminuindo sensivelmente o uso de defensivos e otimizando manejo da terra.


Segundo os irmãos Cittadin, o custo de produção de uma lavoura de trigo é bastante baixo, cerca de R$ 1.500,00 por hectare e o rendimento compensador até mesmo para a venda do grão, se esta for a opção.

“Estamos plantando pela primeira vez, é para nós uma cultura nova e estamos satisfeitos com os resultados agora que estamos iniciando a colheita. Acredito que vamos ter uma produção variando entre 45 e 50 sacas por hectare e o preço médio gira entre R$ 80,00 a R$ 90,00 por saca, mas a nossa intenção, repito, é usar para o gado e a palhada para ajudar na conservação e enriquecimento do solo e facilitar o plantio direto da próxima cultura”, explicou Nelson.

Quanto a venda da produção, se esta fosse a decisão, diz Nelson que o mercado existe para o produto e o seu valor por saca é tido como bom.

Proprietários de uma área de 10 hectares, Nelson e o irmão alugam outras áreas próximas a sua propriedade pagando pela utilização um percentual que gira entre 10 e 12% do que é colhido. Mas a atividade principal desenvolvida por Nelson é com a avicultura, que lhe proporciona rendimento em um espaço de tempo entre um lote de frangos e outro algo em torno de 45dias. São dois aviários e 30mil frangos entregues à empresa no regime de integrados.


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Segundo o engenheiro agrônomo Henrique I. Silva, a rotação da cultura de trigo e soja é muito benéfica para o solo. O uso do trigo serve para manter o solo preenchido no inverno, a palhada serve de adubação e proteção para a soja e a venda do trigo, mesmo que mal classificado, gera uma renda que pelo menos cobre os custos de produção.

Segundo informações obtidas junto a Epagri, a área plantada de soja no município de Urussanga nessa safra de 2022 é de 70 ha, distribuído em 8 produtores.

Em relação ao foco da diversificação de cultura a soja é mais conveniente, pois seu valor de mercado é muito bom e custo e produção é mais atrativo que o do milho. A soja tem boa produtividade na nossa região, ficando acima das 50 sacas por hectare na média.

Na avaliação de Henrique “Ainda temos algumas dúvidas em relação a melhor época de plantio da soja, pois o microclima na nossa região é bastante atuante no desempenho das culturas. Um grande entrave no passado para a soja era a falta de maquinário para colheita, mas como alguns produtores adquiriram Ceifas e estão prestando o serviço a atividade se tornou viável. O plantio da soja sempre foi uma atividade rentável e o trigo deu bom resultado como silagem A comercialização é fácil a demanda de soja é bem alta para ração na nossa região, então os produtores vendem para os Silos, Cooperativas e Fabricas de ração. A soja rende de faturamento por hectare de R$6.920,00 a R$12.110,00 dependendo da produtividade que o produtor conseguir atender. A melhor época de plantio para a nossa região é entre outubro e novembro, mas hoje temos cultivares de soja que se adaptam a diferentes períodos de semeadura. Com a infraestrutura de colheita melhorando a soja vai ganhar muito espaço na área mais plana da nossa região, pois como já disse anteriormente a demanda de soja na nossa região é muito alta e com a produção de grãos de qualidade a exportação também é uma oportunidade de negócio, finalizou o engenheiro agrônomo da Epagri Henrique.

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