Uma campanha liderada pela Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) e outras entidades empresariais busca a integração ferroviária do oeste catarinenses com o centro-oeste brasileiro. O objetivo central – entre outros – é assegurar o transporte de grãos para abastecer a gigantesca agroindústria do oeste de Santa Catarina.
A ferrovia cuja construção é considerada essencial para a agroindústria catarinense é a Maracaju-Dourados-Guaíra-Cascavel-Chapecó, projetada pela Ferroeste, empresa estatal do Governo do Paraná. De Cascavel, a ferrovia desce até o Porto de Paranaguá, muito utilizado para as exportações paranaenses e catarinenses.
A construção do trecho Cascavel-Chapecó foi objeto de estudo de viabilidade patrocinado pelas entidades empresariais Acic, Fiesc, Faesc, Ocesc, Sindicarne, Facisc e ABPA. O governo do Paraná, em articulação com o Governo Federal, licitará, a partir do início de 2024, essa obra ferroviária, esperando-se a participação de consórcios do Brasil e do exterior.
Interessada em investir nessa área, a segunda maior empresa do mundo em ferrovias e a maior da China – a CRCC Internacional Investment Group Limited – esteve reunida na última semana com empresários de Chapecó, na sede da ACIC, em encontro coordenado pelo presidente Lenoir Antônio Broch. Participaram Daniel Zhang, gerente nacional da CRCC, Raul Liu, gerente geral de Marketing e Negócios da CRCC, Sérgio Brossa, diretor internacional da empresa Coesa Engenharia e Carlos Bessa, presidente da B&B Intermediações Nacionais e Internacionais. Além da participação presencial, dirigentes de entidades empresariais acompanharam de forma on-line.
Daniel Zhang destacou que a CRCC é especialista em ferrovias e detém tecnologia, experiência, recursos financeiros e capacidade para investir em grandes obras de infraestrutura fora da China, como está fazendo no Chile, Equador, Uruguai, Colômbia, México e Brasil, onde está há dez anos. Ele considerou o projeto muito lógico, manifestou interesse da companhia no empreendimento e disse ser necessário construir uma relação de reciprocidade.
O projeto técnico da ferrovia foi detalhado pelo gerente de produtos da TPF Engenharia Thiago Dantas e as questões jurídicas da licitação foram esclarecidas pelo coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes.
A obra está prevista no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal. O projeto foi elaborado pela TPF Engenharia e traz um impacto ambiental positivo. A licitação pública, na modalidade de leilão, será publicada assim que o projeto obter as licenças ambientais. A concessão para exploração da futura ferrovia terá prazo de 99 anos.
INTEGRAÇÃO FERROVIÁRIA
A extensão da Ferroeste ligando Cascavel (PR) a Chapecó (SC), segundo estudo apresentado, terá 263 quilômetros de extensão, em pista simples, 18 túneis e 31 pontes e viadutos. A velocidade máxima dos trens será de 80 km/h. A construção exigirá investimentos da ordem de R$ 6,43 bilhões para ficar concluída em 2032 se todos os prazos para cada etapa da obra forem cumpridos e se a obra, efetivamente, iniciar em 2024.
A plenitude das operações com o uso de 100% da capacidade da ferrovia está prevista para 2044 quando, de acordo com as projeções, estarão em uso 395 vagões de grãos e 43 de contêineres nos 22 trens que estarão circulando. A capacidade de transporte estará, então, em 8,85 milhões de toneladas/ano.
“Além disso, temos o estudo de viabilidade de outra ferrovia que ligará Chapecó aos portos catarinenses, patrocinado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, e o estudo de viabilidade de outro ramal da Ferroeste de Chapecó até Passo Fundo (RS). Isso aumentaria o consumo de grão da região para 10 milhões de toneladas antes de 2028”, conclui o presidente da ACIC
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