Diretoria nega desvio de dinheiro do Hospital por parte de ex-funcionárias
Da história
A história do Hospital Nossa Senhora da Conceição, além de revelar a busca constante pelo aprimoramento, traz à tona uma das virtudes mais evidenciadas pelas ações da comunidade urussanguense durante o decorrer dos tempos: o comprometimento com o bem comum.
Em virtude dele, nasceram lutas homéricas para construção de igrejas, capelas, centros comunitários, escolas e hospital.
E, queiram ou não, reconheçam ou não, a igreja católica apostólica romana, representada pelos padres que administraram a paróquia de Urussanga, tem uma grande parcela dos méritos alcançados em conquistas que ainda hoje beneficiam pessoas de Urussanga e região.
Foi sob a orientação e estímulo da igreja que os primeiros passos foram dados para que um hospital viesse atender as necessidades dos colonos imigrantes da Benedetta.
Ainda nos idos de 1890, quando o italiano Pe. Luigi Marzano residia em Urussanga, surgiu o primeiro local onde a saúde pública foi vista como preocupação .
Marzano conseguiu que um engenheiro fizesse, na Itália, uma planta de edificação que abrigaria a escola local e a Casa de Saúde, cuja administração caberia às freiras italianas que chegariam a cidade assim que a obra ficasse pronta.
Com a ajuda da comunidade, o belo edifício que serviu de residência para as freiras, escola e posto de saúde logo ficou pronto.
No final de década de 1930, com o aumento populacional e a crescente necessidade de ter local adequado para cirurgias e tratamentos, Padre Luigi Gilli, outro italiano que foi pároco de Urussanga, resolveu transferir a Casa de Saúde para um local onde hoje está a sede da Prefeitura Municipal.
Vários médicos que residiam em Tubarão e Laguna vinham prestar atendimento nesta casa de saúde que era chamada de Hospital de Caridade. O primeiro médico que fixou residência na cidade, no entanto, foi o italiano que havia servido na 1ª Guerra Mundial e tinha uma bala de fuzil alojada na perna.
Seu nome: Dr. Vittorio Giacone.
Posteriormente, na década de 1940, a viúva Rachele Fachin vendeu uma grande área de terras para que um hospital maior fosse construído.
Padre Luigi Gilli, que era o administrador do antigo hospital, passou a responsabilidade para a própria comunidade urussanguense, a qual formou uma comissão para tratar da construção e administração do novo empreendimento, cabendo ao Dr. Luiz Campelli, médico cirurgião do hospital, assumir a Presidência e sendo auxiliado por João Damiani, Torquato Tasso, Aristeu Ávila, Justiniano Escaravaco, Domingos Rocha e Antonio de Brida.
Quando Dr. Luiz Campelli foi embora para Tubarão, a direção foi assumida pelo Dr. Aldo Caruso MacDonald, o primeiro médico urussanguense a assumir a Presidência do Hospital Nossa Sra. da Conceição.
Posteriormente, já nas décadas de 1960 e 1970, quando o pároco de Urussanga era Padre Agenor Neves Marques e Minervina Bez Batti Simões tornou-se a primeira mulher a assumir a responsabilidade de administrar o hospital, mostrando sua coragem e determinação frente às adversidades, o hospital de Urussanga ganhou uma grande reforma e ampliação.
Novos equipamentos foram adquiridos e foram inaugurados um novo centro cirúrgico, uma nova maternidade e uma nova pediatria.
E essa parceria igreja, hospital e comunidade vem acontecendo até os dias de hoje, deixando registrados nomes como os párocos Daniel Sprícigo, Jiovani Manique Barreto e agora Daniel Pagani, além de lideranças políticas e comunitárias que colocaram seus nomes em Diretorias para trabalhar pelo hospital e pelos urussanguenses.
O hospital Nossa Sra. da Conceição sempre foi motivo de união. Seja na realização de rifas, bazares e promoções visando arrecadar recursos para cobrir despesas ou promover melhorias; seja na pressão popular para que poderes constituídos e políticos resolvam as pendências e carências do referido nosocômio.
Com base nessa pressão popular, não foram poucos os políticos que colocaram os serviços prestados pela instituição em seus planos de governo ou alardearam aos quatro cantos do municípios as verbas conseguidas em esferas superiores de governo, para trazer melhorias ao hospital urussanguense.
Da denúncia de desvio
Mas essa pressão popular, no momento, está se voltando para um outro lado: o da transparência dos recursos públicos que para lá são destinados.
E dois foram os motivos que aguçaram essa curiosidade: os boatos de denúncia da existência de desvio de dinheiro por parte de ex-funcionárias do hospital (feita através de reportagem na mídia digital no programa Linha Direta), e também a calorosa discussão entre vereadores sobre a necessidade ou não de quatro deles viajarem para a Capital Federal em busca de recursos, com a alegação que cerca de R$ 6 milhões de reais já teriam vindo para os cofres do hospital urussanguense.
Acostumada a sempre ajudar sem questionar, população urussanguense viu-se diante de fatos que causaram dúvidas sobre a eficiência nos resultados dos constantes trabalhos e doações feitas para o hospital, exigindo que um portal da transparência seja colocado em prática para garantir o controle público do que entra e sai do caixa.
Essa semana, após a denúncia dos desvios, os Diretores do hospital fizeram uma declaração pública negando que qualquer ação do gênero tenha ocorrido no hospital de Urussanga.
Em entrevista ao radialista Geraldo Custódio, no programa Comando Marconi, presidente Roberto Dutra, vice presidente Agustinho Vendramini e advogada Magali Bonetti Mazzucco, tranquilizaram a população dizendo que não houve nenhum caso de desvio de dinheiro no hospital de Urussanga e que o afastamento das duas funcionárias fazia parte de um novo sistema de remanejamento e de administração.
Presidente Roberto afirmou que criar um Portal da Transparência é uma das metas de sua gestão e cujo trabalho já foi iniciado. Dutra agradeceu a colaboração dos urussanguenses, os quais se fazem presentes em doações sempre que são chamados a colaborar com o nosocômio e pediu que todos continuassem a confiar no trabalho da Diretoria que, com muita dedicação, vem administrando a instituição que presta serviços a todos.
Roberto informou ainda que o hospital está deixando de prestar alguns tipos de atendimentos em virtude da falta de pessoal capacitado para formar equipes, a exemplo de equipe para tratamento pós-operatório.
Mesmo assim, ele é otimista ao anunciar que no próximo ano deverão ocorrer melhorias no Pronto Atendimento, visando, além da ampliação do número de médicos, também a infraestrutura para proporcionar maior conforto às pessoas que precisam ficar esperando atendimento emergencial.
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