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Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

Gustavo diz que Câmara é um circo e Beto desafia prefeito a abrir o sigilo de seu processo


As palavras e o raciocínio do prefeito afastado Gustavo Cancellier, em seu pronunciamento na Rádio Marconi no início desta semana, ecoaram pelos quatro cantos do município de Urussanga criando três tipos de situações.

A primeira de contentamento daqueles que apoiam e acreditam na inocência do prefeito Gustavo; a segunda de incerteza gerada pelos questionamentos que surgiram de sua fala. A terceira foi de revolta por parte daqueles que Gustavo acusou de estar agindo apenas com interesse político partidário e até de incompetência durante seu período de ausência no Paço Municipal.


Da fala de Gustavo

Resumindo o que foi dito por Gustavo Cancellier, pode-se escrever que ele afirmou com todas as letras que é inocente das acusações, tanto no Processo que começou com a ação da Polícia Federal na Operação Benedetta quanto nas denúncias que ocasionaram a instauração de Comissão Processante na Câmara de Urussanga.

Disse ainda que vem sendo vítima de golpe político e deu a entender claramente que a administração municipal, hoje comandada por seu vice Jair Nandi, corre risco de perder recursos que ele conseguiu e também agilidade nas obras após seu afastamento.

Trouxe para si o mérito da baixa no valor da tarifa de energia elétrica na cidade e colocou como prioridade para a o desenvolvimento mais asfalto e empresas na área industrial.

Defendeu a todo momento o vereador Rosemar Sebastião - Taliano, dizendo-se muito íntimo do mesmo por ter sido seu Secretário na administração passada, e elogiou várias vezes a ação do Juizado da Comarca por ter concedido as Liminares e disse que, se o magistrado não mandasse paralisar a sessão que poderia cassar o vereador Taliano no domingo 15/05, o próprio prefeito seria cassado na segunda-feira 16/05.

E esse posicionamento de Gustavo colocou toda a culpa de sua imaginada cassação sobre os ombros do suplente do PDT- Erotides Borges Filho,o Tidinho, o qual, diferente do titular Taliano, pelo que se sabe, não manifestou seu voto até o momento.

Outro ponto que marcou a entrevista foi a proposta feita por Gustavo, quando pediu que o deixassem em paz e que depositaria o seu salário para a Câmara de Vereadores se eles não abrissem mais Comissão Processante contra ele.

Também desafiou o Presidente da Câmara- Elson Roberto Ramos para discutir condução das Comissões Processantes, mas sem discutir o mérito. Ou seja, sem expor os fatos que geraram a instauração das mesmas.

Além disso, Gustavo claramente desqualificou o trabalho do Poder Legislativo e dos vereadores dizendo que lá era um circo e que durante a sessão da segunda-feira, o tom era de risos e brincadeiras.


O Presidente da Câmara

Não demorou muito para que o presidente da Câmara Elson Roberto Ramos- Beto Cabeludo fosse até a emissora de rádio dar a resposta ao prefeito Gustavo.

Segundo Beto, a intenção de Gustavo na entrevista foi apenas se vitimizar diante da população, colocar nos partidos políticos a culpa de a cidade estar vivendo estes momentos e desmoralizar o trabalho dos vereadores. Disse que o prefeito afastado não tem preocupação nenhuma com a população, que só pensa no poder e que durante estes 12 meses de afastamento não conseguiu trazer nenhum recurso para o Município.

Já na sessão da quarta-feira 18/05, Beto afirmou em plenário que estava indignado com as afirmações do prefeito Gustavo sobre o trabalho dos vereadores. Afirmou que não foi ele, nem o MDB ou qualquer outro partido que deu motivos para que as polícias Civil e Federal abrissem inquéritos contra os vereadores que foram afastados no ano passado e contra o prefeito Gustavo.

Disse ainda que a Câmara só virou um circo porque o prefeito Pinóquio, “ o palhaço mor” estava dando seu show no picadeiro na tentativa de fazer a população rir de uma piada sem graça.

Encerrando seu pronunciamento, Beto desafiou o prefeito Gustavo Cancellier a quebrar o sigilo de seu processo e mostrar para a população todos os depoimentos que foram dados durante a oitiva de testemunhas.


A palavra do Suplente

Logo após a entrevista concedida por Gustavo Cancellier, o suplente de vereador Erotides Borges Filho enviou um áudio para a Rádio Marconi usando seu direito de resposta e afirmou que assumiu a vereança na Câmara de Urussanga por ter sido convocado para tal.

Disse ainda que, assim que assumiu, foi orientado pelo jurídico da Casa sobre o sigilo do voto nas Comissões Processantes e que nunca afirmou que votaria contra o prefeito Gustavo Cancellier e, por este fato, o prefeito afastado não podia ficar dizendo que seria cassado se Taliano não pudesse votar. “Eu sempre falei que ia analisar os elementos” afirmou Tidinho ao evidenciar que jamais revelou como iria votar.


A revolta do denunciante

A revolta foi mais longe e chegou ao cidadão Júlio César Bonetti, ex-vereador que fez a denúncia na Polícia Federal, hoje sem filiação partidária, que também deu entrevista à Rádio Marconi.

Ao se pronunciar, Júlio disse: “nós fomos denunciar na Polícia Federal em virtude da dificuldade que estávamos encontrando de fiscalizar as obras do FINISA. A gente acompanhou desde o início. Desde a apresentação que a Caixa Econômica veio fazer do FINISA, onde seria aplicado o dinheiro e a forma como seria feita a fiscalização. Nós achamos, na época, que era um volume de dinheiro muito alto para o Município de Urussanga, sendo que não havia uma fiscalização por parte da Caixa Econômica Federal. Essa fiscalização ficaria a cargo da Câmara de Vereadores, porque não havia técnico da Caixa Econômica como tem numa obra com financiamento através de uma emenda parlamentar, por exemplo. O Prefeito podia gastar naquela obra do jeito que ele quisesse, apresentava a nota e a Caixa pagava. Isso era uma coisa que nos preocupava muito. Iniciando o uso do recurso, nós iniciamos fazendo Requerimentos pedindo informação. E estes Requerimentos eles sempre vinham dizendo que tinha que buscar informação no Portal da Transparência”, explicou Júlio ao acrescentar que chegou a fazer a pesquisa com a ajuda de um servidor da PMU e ninguém conseguiu achar o valor da obra no Portal da Transparência.

Júlio disse que está muito tranquilo quanto ao fato de ser o autor, até porque avisou para todos que faria esta denúncia por não ter podido cumprir seu papel de vereador fiscalizador, haja vista que, na época, a administração municipal não forneceu nenhuma informação do uso do dinheiro do FINISA.

Júlio precisou recorrer ao Tribunal de Contas de Santa Catarina, onde obteve os documentos necessários para fazer uma fiscalização.

Foi então que ele observou o pagamento de uma retroescavadeira que, segundo ele, nunca esteve no local, e que o custo da obra já havia extrapolado o normal. A partir disto, Júlio foi até a Polícia Federal e solicitou uma investigação. Como o pedido tinha documentos de fortes indícios de irregularidade e mal uso de recursos públicos, a Polícia Federal realizou a Operação Benedetta que acabou com o afastamento do prefeito Gustavo.

“Não tinha como ficar de olhos fechados, vendo tudo aquilo que estava acontecendo!” afirmou o ex-vereador ao evidenciar que o principal papel de uma Câmara de Vereadores é fiscalizar, que a formação de Comissão de Investigação e Processante é o caminho para a elucidação dos fatos e que, se os vereadores não puderem fiscalizar, a Câmara deveria ser fechada pois os munícipes não precisam de pessoas para pedir lombadas e dar nomes para ruas.

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