“Estava tudo certinho para uma alta produção na safra 2020/21 na Região Sul catarinense até que uma onda de calor no mês de julho estressou as árvores frutíferas que estavam em floração.”
Essa é a explicação que o engenheiro agrônomo da Epagri em Urussanga e também empresário do ramo de fruticultura- Emílio Della Bruna deu à reportagem de Panorama SC quando foi questionado sobre as previsões da safra que se inicia com a colheita de pêssegos.
“Esse ano nós tivemos um inverno excelente,com frio à vontade, uma floração perfeita e, infelizmente, toda a expectativa que tínhamos no mês de junho não se concretizou em produção. Por que isso?
Provavelmente porque no mês da florada deu uma semana de muito calor, estressou as plantas que abortaram a flor e não vingaram os frutos.
Então, estamos com uma produção pequena na região, bem pequena mas com bons frutos, frutos de qualidade e,em compensação, temos um mercado bastante favorável, com preços bons, fazendo com que não seja uma safra totalmente ruim” explicou Emílio ao acrescentar que os bons preços e bons ventos econômicos dos fruticultores da região, mesmo com a diminuição da safra, deve-se à desventura de produtores em outras regiões do país.
“Em outras regiões do Brasil eles não tem produto. Na Serra gaúcha deu uma geada acho que em setembro destruiu toda a produção. No Oeste catarinense também deu uma geada que acabou quase com tudo. Em São Paulo a estiagem, a seca intensa,ocasionou uma produção muito baixa.
Além disso, o pêssego e a ameixa sofrem com um problema muito sério, acentuado nas regiões mais quentes e que é uma praga chamada piolho São José. Essa praga mata as plantas e muitas vezes, antes de entrar em produção, acabam morrendo pelo ataque desse piolho.
Isso também vem ocasionando a diminuição da produção e gerando uma batalha muito grande dos fruticultores, a Epagri e Embrapa na busca de soluções contra esta praga.
Inclusive, aqui em Urussanga, estamos fazendo alguns estudos e testes com produtos para auxiliar no combate a este piolho que, se não for exterminado, poderá até acabar com a produção de pêssegos no Brasil.
Hoje o piolho São José está para o pêssego como o coronavírus está para a sociedade em geral, deu um pane geral e é preciso buscar uma solução para minimizar os prejuízos” afirmou Emílio.
Ao ser questionado sobre o preço do quilo do pêssego, Emílio explicou que há grande variação porque temos o preço de início de safra que, neste momento, varia em torno de R$ 5,00 ou R$ 6,00 o quilo.
Quando houver maior oferta, certamente haverá diminuição, mas haja vista que a previsão é de uma safra menor, os preços não devem variar muito no início, meio ou final de safra.
Informação repassada por Emílio dá conta de que houve uma quebra de safra em torno de 70% na Região e que no país todo deve ser maior, fazendo com que esta safra seja apenas para pagar as contas. Isso para os que não perderam tudo por conta da geada ou da estiagem.
Safra de uvas
Enquanto o pêssego e a ameixa são responsáveis pela diminuição de toneladas e também de ganhos para o fruticultor, a uva traz o alento da abundância.
“ Se não acontecer nenhuma surpresa, nenhum acontecimento climático drástico que venha a prejudicar, haverá em todo o Brasil uma supersafra de uvas, com cachos bonitos. Isso porque, com pouca chuva, dá pouca doença trazendo o benefício de menor uso de venenos e frutos com maior qualidade e sabor.
Quem trabalha com uvas de vinhos terá uma safra com preço bem razoável, mesmo com a supersafra.
E por que isso acontece? Porque com esta pandemia houve um consumo de vinho acima da média. As pessoas ficaram em casa e consumiram mais vinho do que o normal deixando bem baixo o estoque de vinhos no Brasil.Pode acontecer de algum vinicultor afirmar que vendeu pouco, mas certamente é o que depende do setor turístico para alavancar suas vendas. Agora, quem vende em supermercados, bares e restaurantes viu aumentar suas vendas” concluiu o engenheiro agrônomo que já está fazendo a colheita de pêssegos e ameixas em propriedades da Família.
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