Sétimo caso de febre amarela em SC pode ter se originado em Urussanga

Foto: Dóia Cercal / Secom
Não bastasse os problemas ocasionados pelo coronavírus, trazendo perdas e dor para muitas famílias, agora uma nova ameaça chega a Urussanga.
Segundo a Secretária de Saúde do município- Ingrid Zanellato, é necessário estar alerta para possíveis casos de Febre Amarela.
Isso porque foram encontrados 4 macacos mortos no município nas últimas horas e, no Estado de Santa Catarina, segundo dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC) divulgados neste 03/04, foi confirmado o sétimo caso humano de febre amarela no estado. O diagnóstico foi confirmado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/SC).
O homem de 29 anos é morador de Imbituba, no sul do estado, entretanto, o Local Provável de Infecção (LPI) é o município de Urussanga.
Ele está internado no Hospital Nereu Ramos, na capital.
Dos sete casos confirmados da doença nesse ano em SC, dois não resistiram e foram a óbito. O primeiro foi um homem, de 34 anos, morador de Águas Mornas, na Grande Florianópolis. O outro, de um morador de 59 anos, de São Bonifácio, também região da Grande Florianópolis.
Os outros casos já confirmados são de Taió, Águas Mornas, Anitápolis e Blumenau.
Nenhum dos casos confirmados tinha registro de vacina no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI).
Secretária pede que os munícipes que não se vacinaram contra a Febre Amarela, procurem a Unidade de Saúde do seu bairro e atualize sua vacinação
A vacina contra febre amarela é indicada de rotina para quem tem de 9 meses a 59 anos de idade e não apresenta critérios de contraindicação.
Pessoas com mais de 60 anos devem passar pelo médico para a indicação da vacina.
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Febre amarela é uma doença infecciosa, de gravidade variável, causada por um arbovírus (vírus transmitidos por mosquitos) do gênero Flavivirus febricis da família Flaviviridae, cujo reservatório natural são os primatas não humanos que habitam florestas e matas tropicais. Estudos genéticos demonstraram que esse vírus surgiu na África, há cerca de três mil anos e chegou no Brasil nos navios que traziam escravos para trabalhar nas minas e na lavoura, numa época em que as cidades não dispunham de saneamento básico e estavam infestadas de mosquitos. O resultado desse encontro do vírus da febre amarela com os mosquitos urbanos trouxe trágicas consequências para a saúde da população.
Ciclos de transmissão
Existem dois tipos de febre amarela: a silvestre e a urbana.
A silvestre acomete os macacos. Eles funcionam como hospedeiros do vírus, que é transmitido pela picada dos mosquitos Haemagogus e Sabethes a outros macacos ou a seres humanos não vacinados que penetrem em seu habitat natural.
De hábitos diurnos, esses insetos vivem em áreas de mata e cerrados principalmente nas copas das árvores ou perto do solo. Uma vez infectados, tornam-se vetores do vírus para sempre (ciclo de transmissão macaco-mosquito-homem).
Por isso, a morte de primatas nas imediações das cidades representa um dos sinais de que o vírus da doença está circulando em determinada região.
A forma urbana da febre amarela é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, a chikungunya e a zika. Ele vive nos arredores das casas em depósitos de água parada e ataca principalmente no começo da manhã e no final da tarde. Os macacos não estão envolvidos nesse tipo de transmissão. Ela ocorre quando o mosquito pica uma pessoa doente (o homem é o único hospedeiro do vírus nas cidades) e depois ataca uma pessoa saudável que não foi vacinada (ciclo homem-mosquito-homem).
Vale ressaltar que, embora os mosquitos envolvidos na transmissão da febre amarela sejam diferentes, nos dois casos, o vírus e as manifestações clínicas da doença são absolutamente idênticos.
No Brasil, a forma urbana da doença já foi erradicada. O último caso de que se tem notícia ocorreu em 1942, no Acre. Os que surgiram depois foram todos do tipo silvestre. No entanto, é preciso estar sempre alerta. O menor descuido e a febre amarela urbana pode voltar. Para tanto, basta que uma pessoa infectada na região onde vivem os hospedeiros e vetores silvestres do vírus, sirva de fonte de infecção para o Aedes aegypti nas cidades.
Se é difícil controlar a proliferação dos mosquitos que transmitem a doença nas zonas urbanas, é impossível acabar com os vetores silvestres da febre amarela. Eles fazem parte do ambiente natural em que vivem. A estratégia, então, é impedir que o vírus transmitido por esses vetores penetre nas zonas urbanas, vacinando a população que vive em áreas endêmicas.
Sintomas
Depois de inoculado sob a pele dos seres humanos ou macacos, os vírus da febre amarela concentrados nas glândulas salivares das fêmeas dos mosquitos invadem os vasos linfáticos do doente. Dali, caem na circulação e infectam as células do fígado, rins, coração, pulmões, a mucosa do sistema digestivo e até do cérebro. A pele e os olhos do doente adquirem um tom amarelado próprio da icterícia. Daí, o nome febre amarela.