“Valorize o nosso patrimônio histórico católico polonês. Não deixe-o vender.”
Com estes dizeres estampados em uma faixa, o assunto da semana em Cocal do Sul girou em torno de imóveis da paróquia N. Sra. da Natividade.
Isso porque surgiu em rodas sociais a conversa que a diocese iria vender dois imóveis, equivalendo a aproximadamente um hectare de área de terras, as quais teriam sido incorporadas ao patrimônio da igreja através de doação e ajuda dos sulcocalenses.
Liderando este movimento estavam o ex-prefeito Aldo Furlan e o empresário Samir Roberto Issa.
Em entrevista à reportagem de Panorama na última terça-feira, Aldo disse que ficou muito preocupado após ouvir conversas que a igreja católica estava pensando em vender o imóvel onde está localizada a atual Casa Paroquial e também a área de terra onde está localizado o ex-seminário, ambas em área nobre do centro de Cocal do Sul.
“Isso se refere a toda aquela área onde está localizada a casa do padre, ao lado da igreja, e também ao patrimônio histórico e cultural que nós temos ainda preservado, que trata-se do local onde foi o seminário, a casa canônica desde o tempo da fundação, abrigando padres como Francisco Schilinski, Domenoni e sendo caminho para formação de sacerdotes, a exemplo dos padres Blevel Ozelame, Claudino Bif, Stanislau Ciseski, Bolislau Lovenski, Angelo Galato e tantos outros que por ali passaram” enfatizou Aldo ao acrescentar que estes patrimônios que hoje pertencem à igreja católica são prova viva da luta da população sulcocalense no seu desenvolvimento sócioeconômico baseado na fé.
“Eu fui me inteirar do assunto e encaminhei correspondências para o presidente do CAEP da paróquia N. Sra. da Natividade, ao padre Giovanni Manique Barreto e também ao bispo Dom Jacinto Inácio Flach. Até o momento não obtive respostas e não sei se a conversa de venda do patrimônio é verdadeira” afirmou Aldo ao dizer que irá fazer sua parte para que não se perca parte da história de Cocal do Sul.
Já Samir disse: “o que nos deixa triste é que Cocal do Sul precisa resgatar a história e não destruir. Aquela propriedade onde tem o banco hoje era a igreja dos polacos. Por causa de quatro ou cinco telhas rachadas, resolveram destruir um patrimônio católico polonês para fazer lotes e vendê-los. A indignação agora é que não se venda o patrimônio doado pelos nossos antepassados, que irá ferir a nossa honra. Daqui em diante, eu pergunto: quem mais irá doar terras para a igreja se hoje a nossa maior riqueza que é a história estão querendo trocar por dinheiro. Nós não vamos permitir” afirmou Samir com muita convicção.
“Nós não estamos querendo dinheiro.Queremos é preservar a história.A população de Cocal é solidária, se estiver precisando de algo para a igreja que peça ao povo.Como diz o Aldo, há tempos atrás, cem famílias com alguns contos de réis construíram a igreja. E esse dinheiro compraria três mil e trezentos hectares de terra. É muita terra que eles poderiam ter comprado para eles.Muitos antigos deixaram de calçar um sapato, deixaram de comer um pedaço de carne numa festa ou comprado uma bolacha para fazer a doação do terreno” explicou Samir ao informar que estão preparando um abaixo assinado contra a venda destes patrimônios.
A faixa vista na foto acima, colocada no lote do ex-seminário, acabou sendo retirada do local. Mas a mobilização não parou, durante a semana outras faixas foram feitas e colocadas defronte a residências e até o caminhão de propriedade de Aldo Furlan ficou estacionado em lugar visível no centro da cidade com uma faixa alertando a população sobre a venda dos referidos imóveis.
Até o fechamento desta edição, a informação era de que os ânimos dos sulcocalenses continuavam exaltados e a igreja católica, através de pronunciamento do pároco de Cocal do Sul em emissora de rádio, havia informado que tudo não passou de especulação, onde foi feita apenas uma consulta sobre valores imobiliários.
Da redação
Este episódio ocorrido em Cocal do Sul, independente da veracidade da venda ou não dos imóveis, serviu para evidenciar um procedimento que vem sendo adotado há mais de um século na região.
Fiéis são estimulados a participar da construção de capelas, igrejas, casas paroquiais, centros comunitários entre outros, muitas vezes doando terrenos e recursos financeiros e, ao final, tudo se transforma em patrimônio da igreja, podendo ser vendido se assim for do desejo da diocese.
Se a população pretende que seu investimento financeiro permaneça como patrimônio da comunidade, precisa se atentar para este fato e seguir o exemplo da ACRIMA, em Rio Maior, onde o Centro comunitário pertence aos moradores e não a igreja.
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