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Biólogo urussanguense encontra tartaruga rara no Balneário Esplanada

Foto do escritor: MARCIA MARQUES COSTAMARCIA MARQUES COSTA

No final de semana passado, enquanto passeava com sua família pela areias do Balneário Esplanada, município de Jaguaruna /SC, o biólogo urussanguense Alexandre Bianco teve uma grande surpresa: encontrou um exemplar de tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea).

Especialista em aves, consultor ambiental desde 2009 e também meliponicultor (criador de abelhas nativas sem ferrão) Bianco disse à reportagem de Panorama SC que ficou bastante emocionado em ter tido a oportunidade de ver um indivíduo desta espécie tão rara.

“A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) apresenta ampla distribuição, habita zonas tropicais e temperadas dos Oceanos Índico, Pacífico e Atlântico. Passam boa parte da sua vida no mar, sendo que, as fêmeas retornam as praias para desovar. O exemplar encontrado no Balneário Esplanada possivelmente veio a óbito em alto mar e as marés o trouxeram até a costa.

Mesmo apresentando ampla distribuição, essa é uma espécie bastante rara no Brasil e mais rara ainda no estado de Santa Catarina. O aparecimento delas no Balneário Esplanada não são comuns, entretanto, existem relatos de pescadores do encontro de tartarugas-de-couro mortas

Ela é considerada a maior espécie de tartaruga marinha do planeta, apresenta uma expectativa de vida estimada em 50 anos por alguns pesquisadores. A carapaça possui 7 quilhas longitudinais, sem placas; a coloração é negra com manchas brancas, azuladas e rosadas; a cabeça e as nadadeiras são recobertas de pele sem placas ou escudos; a coloração do ventre é similar à carapaça porém com manchas mais claras. As fêmeas adultas do Brasil têm comprimento curvilíneo que podem atingir 182 cm. Pesam em média 500 kg, mas há registros de animais com mais de 700 kg. A dieta é composta por zooplâncton gelatinoso, como águas-vivas e tunicados (pirossomos e salpas). A área conhecida com desovas regulares situa-se no litoral norte do Espírito Santo, próximo à foz do Rio Doce, entretanto, no ano 2021 um fêmea realizou uma desova no Rio Grande do Sul e posteriormente em Balneário Gaivota, Santa Catarina. A reprodução das tartarugas-de-couro ocorre de forma periódica de dois ou três anos. Em cada ciclo reprodutivo, podem desovar de cinco a 11 vezes, sendo que cada desova podem ser produzidos até 100 ovos. Ao depositar os ovos na areia, a fêmea faz um ninho com cerca de 1 m de profundidade e 20 cm de diâmetro. Entretanto, os ovos podem ser predados por caranguejos e lagartos. Também é comum a coleta dos ovos por humanos para a venda. A temperatura da areia determina o sexo das tartarugas. Temperaturas mais altas favorecem o surgimento de fêmeas” explicou Bianco ao acrescentar que “as maiores ameaças para a conservação dessa espécie são principalmente as capturas incidentais em atividades de pesca industrial, acidentes com embarcações, a poluição dos oceanos por detritos plásticos, o desenvolvimento costeiro, com a remoção de dunas, local onde essa espécie desova e a incidência de luzes artificiais que desorientam os filhotes. Além destes, a coleta pontual de ovos é uma ameaça que ainda ocorre em algumas localidades” afirmou o biólogo.

Ao ser questionado sobre seu sentimento ao encontrar morto um animal tão raro, Bianco disse que foi um momento marcante em sua vida.

“Eu pude compartilhar com minha esposa e filhos este momento. A comoção foi acentuada pois, ao ver o animal, logo identificamos que era a lendária tartaruga-de-couro. Ficamos chocados em encontrar um espécime morto dessa espécie tão rara e criticamente ameaçada de extinção no Brasil, em nosso litoral” explicou Bianco ao acrescentar que é preciso cuidar do meio ambiente, pois dele é que depende toda a vida no planeta Terra.

“O meio ambiente é de vital importância para toda forma de vida na Terra, pois proporciona tudo o que temos: do nosso alimento ao lugar em que moramos. Porém, ele vem sendo negligenciado e pede socorro. E essa é a hora de olharmos com mais cuidado para ele. A ganância humana, sustentada pelo atual sistema econômico, é a causa de muitos impactos negativos ao meio ambiente. É necessário entender que o meio ambiente é um bem coletivo, patrimônio de toda a humanidade e responsabilidade de todos. E como muito bem redigido pelo artigo 225 da Constituição Federal; todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”, concluiu o biólogo que já catalogou muitas espécies de animais em Santa Catarina e já trabalhou em vários projetos neste setor.

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