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Foto do escritorJORNAL PANORAMA SC

Atentti Ragazzi

UM PROBLEMA MAIOR SEMPRE ENGOLE O MENOR Veja como todos os problemas e demandas da sociedade na época pré conronavírus, assim como muitos problemas pessoais, sumiram da pauta e das preocupações cotidianas: definir a cor do próximo carro a ser adquirido, para onde vou na próxima excursão, aquela paella não posso perder, preciso comprar o ingresso para o show do Gustavo Lima, o acordo nuclear do Irã, a polêmica do patrimônio histórico, asfalto em Rio Carvão, as filas do INSS, Ronaldinho preso no Paraguai, lajotas que se levantam, Maduro, Operação Lava Jato, transporte escolar, situação do Criciúma E.C. no campeonato estadual, eleição do sindicato, buracos na Rodovia Genésio Mazon, roçadas na SC 108, Plano Diretor, alianças políticas, lâmpadas queimadas, preço dos combustíveis, tombo da polenta, Coreia do Norte, gastos com publicidade, poluição do rio Urussanga, patrolamento das estradas no interior, cachorros abandonados, tarifa da energia elétrica, repasse financeiro ao hospital, pedágio da BR 101, páscoa tutti insieme, a vinda da montadora Tesla para Criciúma, candidaturas ao Paço Municipal, IPTU da Esplanada, as polêmicas do feijão, banheiro público na praça, a criminalidade no Rio de Janeiro, ciclovia na rodovia Olívio Cechinel, goteiras no ginásio centenário, mortes nas rodovias... E sabe por quê? Porque está em curso uma máxima da filosofia que preconiza que “um problema parece enorme até o momento em que aparece outro maior”. Um perigo maior desmancha e faz sumir um perigo menor. Apareceu o coronavirús e todos os demais problemas ou perigos viraram problemas nanicos, secundários, sem importância, banalidade total. É ou não é? É claro que é.



Aquele bate-papo semanal a três na praça entre o ex- responsável pelo horto florestal da Epagri, Armando Della Vedova, ex-goleiro, ex-bancário, e o lojista Fidelis De Brida, o Fidelin, e o ex-guarda Darci da Estação Experimental, aposentados e integrantes da 3ª idade, em frente à Barraca do Taliano, está suspenso. O coronavírus-Covid-19 mandou aos três amigos um recado: fiquem em casa e nada de “jogar conversa fora”, como diria o alemão. E o prazo está com validade indefinida. Lembre-se: o futuro não nos pertence, embora nele projetamos tudo.



Muitos poucos, apenas os familiares e parentes mais próximos conhecem o Dilnei Pereira. Agora, toda a cidade conhece o Bigorrilho, 77 anos. Bigorrilho, no passado, foi um exímio assentador de paralelepípedos de dezenas de ruas de Urussanga. Em recente conversa, ele nos confidenciou: “Em minhas caminhadas, às vezes, observo alguns assentando pedras. Abrem dois metros quadrados de calçamento e depois sobram dez pedras. Esta conta não fecha, porque está tudo errado. Trabalhei 33 anos nesse setor e sei do que estou falando. Hoje, eles assentam pedra com martelo. Não pode. Tem que ser com a marreta e areão. Martelo é para prego. Marreta é para pedra”. Então tá explicado o que acontece, Bigorrilho. Depois a culpada, tanto para o povo quanto para as autoridades, é a pedra, o granito. Vai nessa que você vai bem. Bem mal.


PÍLULAS A prestação de contas do vereador Jair Nandi aos eleitores com a assessoria competente da advogada e amiga Andresa Baldessar dos Santos foi produzida e distribuída com recursos próprios. No material consta o seu mandato em números, projetos e iniciativas. O referido vereador viabilizou para o município, por meio de seus contatos políticos, a significativa quantia de 1 milhão e seiscentos mil reais. Em todo o Brasil, GP é Grande Prêmio e JN é Jornal Nacional. Contudo, quando chegam em Urussanga, as siglas se modificam e adquirirem outros significados: GP passa a ser Galinha com Polenta e JN passa a ser Jair Nandi. “Mandi, Mandi”, diriam as Irmãs Bonetti ao Nandi, utilizando uma expressão italiana. Nessas celebrações religiosas de Urussanga pela Internet, as músicas sacras no violão e na voz do diácono Mateus Réus Reis, animando e espantando o silêncio da falta dos fiéis, não passaram despercebidas. Esse coronavírus precisa ser exorcizado com ciência e com oração. Janelas abertas? Somente para alguns privilegiados como os políticos brasileiros. Para os demais cidadãos o ritmo é de janelas fechadas e portas, portões e porteiras também. É permitido apenas espiar pela frestinha. Morador do Bairro Nova Itália solicitando que a Diretoria de Trânsito tome providências quanto à lombada, segundo ele, achatada pelos caminhões pesados na Avenida Polidoro Bez Batti. Aí se pode deduzir que, se caminhões com excesso de peso estão achatando lombadas, imagine o asfalto para o Rio Carvão como ficará. Logo logo a ACRIC vai ter que desistir da conclusão do asfalto para Santana e lançar uma campanha, semelhante àquela antiga, intitulada “Sem remendo no asfalto não tem voto”. Cadê a balança, cadê a fiscalização? O Governo não fiscaliza, e o brasileiro sempre descobre uma brecha na lei para sair pela tangente. Sempre dá o seu famoso jeitinho de dia ou na calada da noite. É o cidadão com a cara do Governo e o Governo com a cara do cidadão. Acho que ambos se merecem. No episódio do Bolsonaro “a caneta e o Mandetta”, está em curso o duelo entre economia versus saúde e um ditado em ação: “Ciúme de mulher é algo muito complicado, e ciúme de homem é algo terrivelmente complexo. Ciúme de mulher o homem pode controlar. Ciúme de homem é morte certa”. Aqui ou em Brasília. Há tempos, antes de registrar aqui nas pílulas, procurei as autoridades competentes para denunciar o problema, cada vez mais frequente, de despejo irregular de lixo. A FAMU precisa sair um pouco da ladainha da educação e do mantra da conscientização ambiental para começar a agir de fato, de direito e na prática. Tem que ser não apenas um órgão de direito, mas, sim, de fato. Que a quem de direito compete que se pegue um caminhão e que se recolha o entulho. Não será com mero discurso que esse despejo irregular de lixo irá sumir. Se competiria a mim tal missão, eu recolheria. Não se trata de falta de educação ou conscientização. Esse despejo irregular do lixo se trata de safadeza mesmo. Denuncie quem são os “sugismundos” ou as “sugismundas”. Somente com o constrangimento público é que eles repensarão suas atitudes. Mais uma do Beto Simão, o mais irreverente dos humoristas brasileiros do rádio e do jornal: “No final, o álcool sempre salva a gente. Seja ele em gel, em litrão ou no copo”. O brasileiro não perde o humor nem nas horas altamente complicadas. O coronavírus-Covid19, além de se constituir uma ameaça real para a saúde e ser o agente que baixou o decreto do isolamento social, ou seja, o “Fique em Casa”, segundo alguns psicólogos, pode provocar outro perigo bem real. É que muitas pessoas podem se acostumar mal e passar a gostar bastante do “far niente em casa” e resistirem à ideia da volta ao lavoro. Será? Você já observou que ninguém mais morre de outras doenças? Todas as mortes são em decorrência do coronavírus? Se morreu alguém, foi de Covid-19. Apropriado para esses tempos virulentos que estamos vivendo: “Se você olhar muito tempo para um abismo, então o abismo também olha para você”. Friedrich Nietzsche. Nietzsche foi um filósofo prussiano que afirmou também que “se pode morrer de sede no meio do mar”. Já um filósofo nordestino quando estive no Nordeste dizia: “Vamos rir enquanto temos dentes”. “Reis se casam com rainhas. Rei não escolhe rainha e rainha não escolhe o rei. Uma rainha não é uma mulher, assim como um rei não é um homem. Ambos são nações. São as nações que se casam. Dom João VI disse parte disso na novela “Novo Mundo”. Lá você observa que o país já nasceu torto e torto vai continuar por muitas gerações ainda. Fui buscar no nosso caderno de apontamentos de Diplomacia dos mágicos tempos do Colégio Marista de Criciúma uma frase para homenagear uma grande amiga minha que neste mês de abril aniversariou. Parabéns! Que as sucessivas velinhas acesas ao mesmo tempo sempre conservem o calor de nossa amizade, ZC. “Diplomacia consiste em lembrar o aniversário de uma mulher, mas esquecer a sua idade”, disse Keating. Nós acrescentamos: e juntamente com a frase enviar um espumante, um frisante e de preferência Goethe. Uma maior atenção às pessoas que nos rodeiam e uma maior atenção à espiritualidade serão alguns dos legados do Covid-19 desse “período pandêmico e pandemônico”. Está na hora do homem reservar o domingo, dia do Senhor, realmente para o Senhor, o criador. Feriado religioso já tinha virado sinônimo de passear e fazer churrascadas, caipiras e outros “iras”. E, assim, despertou-se a ira, não sei se de Deus ou da natureza. Tenho plena convicção de que o vírus veio para sacudir o pensamento humano, mundano demais, materialista demais, egocêntrico demais. Tem rede de TV que não consegue terminar o dia sem coroar o coronavírus e tentar destronar Bolsonaro, tirando-lhe a coroa que, bem ou mal, foi colocada em sua cabeça pelo povo. A Semana Santa do ano de 2020 entrará para história do mundo católico. Aqui, como em Roma, observamos templos fechados, vazios, e as orações transferidas para as casas. É a igreja dentro do lar. Os escritores de ficção científica talvez imaginariam tal cenário em algum local geograficamente restrito, como os arredores de Chernobyl com a explosão da usina nuclear russa. Entretanto, não pensariam tal cenário com proporções globais.



Erna Maestrelli Maccari, assim como muitas senhoras, colaborou com o Domingo de Ramos. Com um feixe de palmas, distribuiu pelas casas e decorou um dos veículos que partiu rumo ao interior levando a benção de ramos. Seguramente, este Domingo de Ramos foi um dos mais esquisitos de nossas vidas, um domingo totalmente diferenciado. Aqui em nossa aldeia e também em Roma. Sem missa na igreja, sem procissão, sem multidões exprimindo a fé. Todos confinados, ramos e palmas na cerca, no muro, na porta, na porteira ou no portão. Os sacerdotes Padre Daniel, Padre Miro e diácono Mateus (que continua diácono devido, exclusivamente, ao coronavíus), distribuíram a benção do Senhor pelo centro e pelo o interior de cima de automóveis picapes. ATTENTI RAGAZZI Em um desses dias, a Dona Aninha, nossa benzedeira de fama, por insistência de sua neta, foi a um de nossos Postos de Saúde, pois estava com uma grande coceira nas mãos. Ela disse para a atendente que só estava aí porque a neta insistiu, já que, quando dá coceira nas mãos, os antigos dizem que é dinheiro que está a caminho. A enfermeira examinou e emendou: pode ser, Dona Aninha, mas, no seu caso, é uma micose. A senhora vai usar esta pomada aqui da receita, duas vezes ao dia. Nem tudo é pandemia nesses dias de incertezas e agonia.Tem também humor e alegria.

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